Caro Diogo,
Apesar de ter sido aconselhada a ignorar o seu tendencioso artigo onde distorce completamente o sentido das minhas palavras, pela reposição da verdade que se impõe dada a gravidade das suas afirmações e fazendo uso do meu direito de resposta, permita que o corrija em honra do meu bom nome:
- A sua análise não foi sobre o que escrevi no meu artigo no Observador mas sim sobre o que gostaria que eu tivesse escrito, ou seja, uma interpretação falaciosa para causar sensação nos media à custa das agendas na moda onde se promove. Tivesse feito uma análise séria e ficava sem material para criticar;
- A sua afirmação “A Cristina é anti-feminista, logo, essencialmente é contra a igualdade de género”, é falsa. Não me identificar com o feminismo de 3ª geração aqui investigado neste excelente documentário “Red Pill” por Cassie Jaye, uma insuspeita activista feminista famosa e que conclui com factos indiscutíveis que não há defesa de igualdade entre sexos, deita por terra a sua narrativa. Faça o favor de o ver até ao fim. É que da teoria bonita das definições de dicionário à prática vai uma distância galáctica. Veja aqui também neste meu artigo “Onde estão as feministas para repor a igualdade”, com dados da PORDATA sobre o tema. Leia;
- Não sou feminista, mas fiz mais pela libertação das mulheres que aquelas que o dizem ser: aos 16 anos fui trabalhar como operadora de empilhador numa fábrica a carregar camiões, porque quis, e lá permaneci até aos 20. Enfrentei um casamento pautado por violência doméstica. Fugi desse casamento porque não me concediam o divórcio, que há 30 anos era socialmente mal visto, a mulher rotulada de “adúltera”, e era necessário ter motivos considerados “válidos” – adultério ou a não consumação do casamento, por ex., caso contrário o marido podia recusar-se a assinar, pois a violência psicológica não era motivo suficiente. Enfrentei o mundo dos homens de negócios, que olhavam para mim como uma presa sexual, onde foi difícil ganhar credibilidade pelo meu trabalho. Enfrentei uma luta de 7 anos por homens juízes me terem retirado a filha, alegando “abandono do lar” e acusando-me de ser “má esposa”. Enfrentei relações com homens preconceituosos, que diziam amar-me mas eram incapazes de assumir uma mulher divorciada e com filhos. E venci. Cada etapa. Tudo e todos. Sozinha. Não precisei de me inscrever em movimentos de Simone de Beauvoir para lutar pelos meus direitos como mulher e como ser humano. Bastou a minha determinação, resiliência, teimosia, fé e muita coragem;
- Continuo ainda a lutar pelas mulheres ao educar o meu filho de 13 anos no sentido de cuidar da sua roupa, do seu quarto, de lavar a loiça, cozinhar e pôr a mesa; ao ter apoiado as opções da minha filha mais velha quando, em criança, não queria usar saias nem vestidos e só pedia tartarugas ninja, jogos Nintendo, legos e computadores.
- O meu pai, que era um conservador de direita, ensinou-me a conduzir empilhadores e outras máquinas industriais, a mudar pneus, usar o berbequim, pôr um carro sem bateria a trabalhar e resolver outros problemas mecânicos, a pregar pregos, a mudar lâmpadas, a plantar legumes, criar galinhas, porcos, coelhos e vacas. E vocês, progressistas, o que fizeram de parecido junto das vossas filhas pela igualdade de género?
- Administrei empresas e criei outras. Estive em 4 áreas distintas: construção civil, segurança privada, apoio ao estudo e apoio domiciliário. Na primeira, nunca vi uma única mulher a responder a uma vaga de emprego. Na segunda, só respondeu uma mulher em 5 anos. Nas restantes foram mais mulheres que homens. Quem foi que as impediu de se candidatarem às vagas? Foi você? E o Diogo? Quantas empresas criou? Quantas mulheres empregou? Quantos salários lhes pagou? O que sabe realmente, e não a partir da “agenda feminista”, sobre essa problemática?
- Se é defensor da igualdade de géneros, porque não fez um repto (aquele que o tornou “famoso”) aos dois sexos, homens e mulheres, para denunciarem a violência doméstica e não apenas as mulheres? Isso é defesa da igualdade?
- Com 23 anos já era independente, responsável, mãe (apesar de não ter desejado esse filho), estudante-trabalhadora e com currículo de trabalho e de lutas pelos meus direitos desde os 16. E você? Que currículo tinha com essa idade? Que aprendizagem da vida já possuía sobre a luta pela igualdade?
- Sobre as restantes considerações tendenciosas do seu artigo, diga-me: é mentira que se um branco criticar o comportamento de uma minoria racial é rotulado de xenófobo? Se um heterossexual criticar a doutrinação dos movimentos LGBT é rotulado de homofóbico? Que a ideologia de género imposta nas escolas, cujos manuais foram escritos por feministas (vá lá ver), promove a ideologia LGBTQ – é só ler os manuais do Ministério da Educação – e pretende a substituição da família tradicional? Que o marxismo é uma ideologia totalitária? Que o aborto promove a irresponsabilidade? Que as drogas ditas leves legalizadas promovem o seu consumo? Que se um nacionalista disser que os negros escravizaram tanto quanto os brancos é acusado de racismo? Que ser de direita e defender o controlo da entrada de migrantes sob estatuto de refugiados é imediatamente rotulado de extremista? Não, não é. E, conscientemente, você sabe disso.
- O meu artigo é apenas uma chamada de atenção à intolerância relativamente ao pensamento que não se enquadra no politicamente correcto, que é contra as narrativas vigentes da agenda progressista – enviesadas e cheias de inverdades – e que é atacado assim que se manifesta numa simples opinião. O artigo foi tão bem sucedido que basta ler os comentários ao mesmo para ficar demonstrada cada linha escrita – anónimos e figuras públicas cospem ódio, insultam, ou simplesmente ridicularizam, por verem contrariadas AS AGENDAS PROGRESSISTAS. Você foi um deles.
Por fim, agradeço o conselho que deu à minha filha. Porém, não é ela que tem de me dar um abraço e confortar-me. Sou eu que tenho de a tranquilizar e dizer firmemente: “Não! a tua mãe não é homofóbica, xenófoba, racista, ditadora, extremista, e o diabo a quatro que este Diogo, Madalena Freire, “Jovem Conservador de Direita” e tantos outros como eles pintam por aí, para promover uma falsa liberdade, igualdade e humanismo”. A tua mãe é exactamente aquilo que conheceste: justa, defensora dos valores que recebeu do teu magnífico avô, humanitária, solidária, inclusiva, amiga, respeitadora e tolerante. E que ao contrário dos “diogos” desta vida não impede os outros de serem o que são. Dizer-lhe que a culpa não é dela por se sentir confusa. É de quem usa o mediatismo à custa das causas na moda para confundir, distorcer e manipular tudo o que não lhes convém. Porque falar a verdade estraga a agenda.