Saíram, por estes dias, os resultados das candidaturas ao acesso superior. Ao longo dos últimos anos, várias mudanças se foram tornando visíveis nas seleção de cursos a que os estudantes se candidatam. A verdade é que, cada vez mais, existem cursos que deixaram de ser uma primeira opção devido à falta de empregabilidade no nosso país. Outros são escolhidos já a ponderar uma carreira internacional.

Pergunto-me: que tipo de país é este que não permite aos seus jovens construir a carreira com que sonharam dentro das suas fronteiras? Imagino o quão frustrante será, para um jovem, almejar, por exemplo, ser professor, sabendo que será uma carreira muito instável e mal remunerada. Assim, sendo, quem escolherá esta carreira no futuro? Provavelmente, aqueles que não entrarão nas suas primeiras opções, o que conduz ao risco enorme de virmos a ter professores sem vocação nas nossas escolas.

Eis ao que chegámos: um país que vive do turismo, que não investe em áreas tão essenciais como a educação e a saúde, que são pilares de todas as civilizações. Um país que é cada vez menos dos portugueses ou a pensar nos portugueses, em que as oportunidades de sequer ter onde morar se tornam escassas para tantos. Um país que se esqueceu da educação, da saúde e da cultura.

Sabemos que a ignorância do povo pode ser uma ferramenta útil e apetecível para quem está no poder, mas por isso mesmo considero que os alunos, nos vários níveis de ensino, devem ser estimulados a pensar, a criar um espírito crítico que lhes permita distinguir o que é certo do que o que é errado, e a não aceitar com inércia que o país se afunde para tantos.

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Mas como podem os portugueses queixar-se de tanto se, na hora das eleições, há uma taxa de abstenção tão alta, nomeadamente dos jovens? Isto diz muito sobre o interesse dos mesmos sobre  a política do país e a descrença relativamente aos políticos e perante o rumo que o país parece tomar.

Diz-se que Portugal não é um país para velhos, mas na verdade também não é para novos. Um país que não dá aos seus jovens a oportunidade de sonhar, de saber que terão empregabilidade na carreira que escolherem, não é um país com um futuro muito auspicioso. E, no entanto, tantas são as potencialidades que cabem em Portugal, mas com tão pouco investimento em áreas essenciais e que podiam ser promissoras. Como sempre, não investimos em nós, como país, e vivemos de aparências e de enganos.

Os portugueses merecem muito mais do que um salário que lhes permita apenas sobreviver, por isso saem do seu país à procura de oportunidades melhores. Por isso, famílias são separadas e por isso também perdemos pessoas que poderiam ser uma enorme mais-valia no nosso país.

Já está na hora de se deixar de valorizar o fogo de vista sem interesse algum e investir em áreas cruciais, para que o país de facto se desenvolva e se torne cativante para os nossos jovens. É preciso mostrar que há carreiras que podem e devem passar a ser mais valorizadas do ponto de vista social e financeiro. Se o país é de todos, andamos a dormir porquê?