Pais, cuidado, algumas escolas estão a ensinar uma ideologia política como facto científico, apesar de não haver evidências que apoiem as suas alegações.

As crianças, quando vão para escola, sabem que vão encontrar crianças que são meninos e crianças que são meninas, mas os textos «educativos» vão mostrar-lhes que há muitas formas de se relacionarem sexualmente, que a heterossexualidade está ultrapassada e que o mais normal é que uma criança adopte uma das letras da bandeira do arco-íris-de-sis-cores como identidade. Com esse propósito, contam-lhes histórias, supostamente retiradas da Natureza, que lhes mostram como a homossexualidade é uma opção totalmente natural numa criança de três anos:

A primeira, é a história do cavalo marinho. Talvez pelo facto de o cavalo marinho se parecer tanto com um ser humano, a ponto de irmos a caminhar pela rua e, de repente, saudarmos um cavalo marinho que confundimos com um humano (ironia)… A verdade é que o cavalo marinho não é homossexual. O macho (heterossexual) só incuba os ovos que a fêmea (heterossexual) põe. Ou seja, o cavalo marinho não é bissexual, nem homossexual, mas os activistas usam-no para incutir nos mais novinhos que a homossexualidade é algo absolutamente normal e natural.

A segunda, fala de um bichinho que é de facto bissexual, não porque se sinta atraído e tenha prazer nas relações sexuais com caracóis do mesmo sexo e tenha tido coragem para «sair do armário», mas porque a natureza o fez assim.

Quão árdua será a tarefa de descobrir quais são as semelhanças entre um caracol e um ser humano?

Meditava eu nisto, quando me deparei com uma notícia sobre uma aula de biologia, numa escola do segundo ciclo, em Massachusetts, onde o professor de biologia comparou o transgenerismo em humanos com os peixes-palhaço e com uma espécie de sapo que, naturalmente e de acordo com a sua própria natureza, podem mudar de sexo sob certas condições.

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Do que se pôde apurar, a comparação fazia parte de uma série de slides que discutiam a variação na biologia humana em relação a sexo, género, expressão de género e orientação sexual. Os slides, obtidos por um grupo de pais que defendem a educação e conferidos ​​pelo Washington Examiner, afirmam que «os humanos são condicionados a ver o sexo e o género como binários».

Num dos slides, onde se discute a «variação biológica humana», mencionam-se «pessoas intersexuais» e afirma-se que «só [o facto] de mencionar o sexo biológico como masculino ou feminino marginaliza pessoas intersexuais que foram persistentemente discriminadas».

Ora, sabendo-se que apenas 0,018 %, ou 1 em 5.000 pessoas, são genuinamente intersexuais – uma condição em que as características masculinas e femininas estão presentes – é fácil perceber que se trata de uma anomalia genética bastante rara, que não é uma escolha, mas sim uma anomalia genética.

No reino animal, há de facto um número muito limitado de animais – o peixe-palhaço, os sapos do junco comuns e a planta amborella – que podem «mudar de sexo» naturalmente e em condições muito específicas. Importa realçar que nenhum deles é humano e que nunca houve um exemplo de uma pessoa a «mudar de sexo» naturalmente. Aliás, se seguirmos o raciocínio de que os humanos podem imitar os comportamentos dos animais, é só experimentar viver como o peixe palhaço, debaixo d’água.

Erika Sanzi, directora de divulgação da Parents Defending Education, ficou indignada com a lição e disse:

«A Needham High School prometeu uma aula de ciências e, em vez disso, deu uma aula de pseudo-ciência. Os slides partilhados pelo professor de biologia são prejudiciais e errados porque são factualmente imprecisos, semeiam confusão e dependem muito de estereótipos sexuais regressivos. Talvez o mais absurdo seja a implicação de que o sexo biológico em humanos é fluido, ou pode literalmente mudar, porque isso acontece com espécies não humanas como peixes-palhaço e sapos.»

As Escolas Públicas de Needham confirmaram que os slides eram «um componente de uma unidade ensinada sobre genética» e que o agrupamento «verifica continuamente o nosso currículo e programas, incluindo a lição de ciências referenciada, para garantir precisão e alinhamento com os padrões locais e estaduais.»

Creio que faltou a precisão e a… ciência.

Esta notícia recordou-me um episódio que aconteceu há cerca de 6 anos, em Lisboa, num encontro onde se falou sobre os perigos da ideologia de género, e onde, durante a sessão de perguntas e respostas, fui surpreendida por uma jovem universitária que perguntou:

«Como é que dizemos a colegas inteligentíssimos, da área das ciências e da biologia, que os humanos não mudam de sexo quando há peixes que o fazem quando querem?»

Respondi: «Que tal, dizendo-lhes que nenhum peixe muda de sexo porque quer, mas sim porque a sua natureza lho permite fazer em determinadas condições e que nós, seres humanos, não somos peixes?»

Usar comportamentos naturais de algumas espécies animais para confundir crianças, e até alguns adultos, não é ciência, é ignorância. Se o exemplo de espécies animais serve de base para o comportamento humano, o que impede os humanos de imitarem os hamsters e comerem os seus próprios filhos? Quantos humanos já mudaram de sexo espontaneamente?

Nenhum.

Os pais não mandam os seus filhos para a Escola para serem confundidos nem para acreditarem que a história da carochinha é real. Afinal, nenhuma criança se transforma num rato só porque sente que é o João Ratão. Alegações, que usam comportamentos naturais de algumas espécies animais, para confundir a mente de crianças, são indignas e deviam ser proibidas. A Escola não pode continuar a ser lugar de doutrinação político-ideológica.