Está a ser discutida a escolaridade obrigatória em crianças dos três aos cinco anos. Nesta idade, para os pais que têm alguma margem de manobra do ponto de vista económico, regra geral os seus filhos estão nos infantários privados ou até públicos, com todas as possibilidades de poderem ser estimulados durante a semana e assim desenvolverem as suas áreas oculomanuais, fala e de raciocínio, entre outras .
Obviamente que as outras crianças cujos pais não têm esta possibilidade vão estar prejudicadas. O estímulo neurossensorial é inferior e o ambiente familiar poderá ser em certas situações nefasto para o seu crescimento.
Ao optar-se pelo ensino obrigatório nesta faixa etária as possibilidades de aprendizagem passam a ser iguais para todas as idades, o que se tornaria mais justo.
À priori, poderíamos concluir que as crianças ainda não possuem maturidade suficiente para estarem sentadas num espaço e seguirem as regras e orientações dos seus professores. Mas na realidade todos nós temos consciência e noção de que as crianças de hoje em dia têm maiores estímulos, tantos visuais como auditivos e manuais, comparativamente com outras crianças da mesma idade até há pouco tempo. A evolução tecnológica revolucionou o cérebro destes pequenos jovens.
Apesar de tudo, o ensino neste grupo etário não poderá estar centralizado apenas em ensinar conteúdos adequados à sua idade, mas deverá incluir o componente muito importante que é a realização de jogos. Devem ter horas curriculares em que estas crianças possam libertar a sua energia e desenvolver a sua criatividade. Elas precisam obrigatoriamente de espaço para poderem brincar.
Não é aconselhável para as suas mentes a focalização única e exclusiva em ler e escrever, com pouco tempo para brincar. Não vamos passar esta geração de crianças para adultos intelectuais que se dedicam apenas ao trabalho, sem qualquer momento de lazer. A atividade desportiva e o ensino musical devem fazer parte do currículo escolar nesta idade porque o desenvolvimento psicomotor requer todas estas componentes para que o crescimento da criança seja bem sucedido.
Este modelo não é original. Noutros países já se pratica. Mas não precisamos de copiar modelos de ninguém. Devemos conhecê-los todos e tirar as melhores ilações em prol das nossas crianças.
É preciso ter muito cuidado quando agarramos em algo de novo no que se refere a crianças. Queremos que todos tenham as mesmas oportunidades na aprendizagem e na sociedade mas, acima de tudo, que cresçam felizes com apoio da família e da escola.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR