Segundo Peter Drucker, “o mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito”, o que torna a comunicação verbal e não-verbal essencial para o bom funcionamento e consequente sobrevivência de qualquer empresa. Numa empresa familiar, onde as emoções ocupam um lugar central e cerca de 70% não sobrevivem à transição entre a primeira e segunda geração, uma comunicação ineficaz é um luxo a que não nos podemos dar.
Uma empresa familiar caracteriza-se por haver pelo menos uma família que exerce influência sobre o negócio, seja através da sua posição enquanto acionista, da sua posição enquanto gestora, ou da sua influência sobre a “Governance” do negócio. A falta de clareza naquilo que é o papel de cada membro da família, a sua posição no negócio ou até mesmo a sua visão enquanto dono do negócio, pode levar a desentendimentos, e conflitos entre os mesmos. Garantir que satisfazemos e mantemos a família unida e que, ao mesmo tempo, conseguimos manter uma gestão imparcial é uma solução que passa por uma comunicação honesta, eficaz, consistente e aberta a novas ideias e opiniões.
Os negócios familiares representam cerca de 70% de todas as empresas europeias e cerca de 85% da empregabilidade. Compreender a sua importância permite-nos dar-lhes o seu devido valor. Quando uma empresa se envolve num escândalo, está a prejudicar um ecossistema que vai para além da família acionista. A atenção negativa põe em causa a reputação da família, mas também reduz a confiança dos consumidores na empresa, promove a avaliação da empresa por auditores e reguladores e destrói expectativas dos investidores. Todos estes aspetos traduzem-se em graves prejuízos para o ecossistema.
Mas o que podemos fazer quando uma família entra em conflito? Existem três possibilidades evidentes: (i) continuar em conflito e gerir o negócio numa base de curto prazo; (ii) a família pode separar-se e vender a sua posição; (iii) resolver o conflito, aprendendo a trabalhar em conjunto. Focando-nos na terceira opção, devemos ter em conta que a resolução de problemas deve ser iniciada o mais cedo possível e enquanto o problema não toma proporções ingeríveis. Uma forma de resolução, será através da ajuda de uma entidade externa, cujo papel passa por promover o diálogo e a cooperação entre os membros da família. Focar-nos no problema e não na pessoa, ajuda a criar a distância necessária para melhor compreender o que está em causa, assim como trabalhar na sua resolução. Adicionalmente, ter momentos próprios para falar de questões relacionadas com a família diferentes daqueles que existem para discutir o negócio, ajudam a separar os territórios e a clarificar as posições dentro da família e da empresa.
Ter a capacidade de promover uma comunicação eficaz, é um sinal de respeito por todos os membros de uma empresa. Para aprofundar mais estes tópicos, junte-se a nós no Family Business Day, dia 07 de maio, às 9h00 na Católica Lisbon School of Business and Economics.cartolica