A F1 regressa ao palco onde tudo começou e com um estreante na Pole Position! Fica aqui o melhor e o pior daquele que é possivelmente o mais lendário GP da história.
Carlos Sainz (+). A liderança da corrida para Carlos Sainz foi sol de pouca dura logo à partida, mas uma bandeira vermelha deu-lhe uma segunda oportunidade. À segunda, o espanhol aproveitou um bom arranque, abriu os cotovelos e deixou Verstappen para trás, mas acho que já todos percebemos o quão difícil é viver com Max Verstappen nos espelhos, e, à volta 10, Sainz cedeu à pressão. Um pingo de sobreviragem rapidamente corrigido foi o suficiente para o espanhol aparar alguma da relva do circuito de Silverstone e ficar apenas a ver Verstappen tomar a liderança da corrida. Mas dias históricos merecem finais ainda mais históricos e este foi um daqueles dias que não queria que mais alguém ganhasse aquela corrida, para além de Sainz. Depois de um Safety Car por Esteban Ocon, Sainz parou para pneus macios e o seu colega de equipa, que seguia na liderança, manteve a posição em pista com pneus duros velhos. Ainda houve um momento em que a Ferrari pediu a Sainz para dar espaço a Leclerc, mas não era o dia. Este era o dia de Sainz e, com uma ultrapassagem arrojada, o espanhol tomou a liderança no último recomeço da corrida e seguiu daí para ver a bandeira axadrezada. Foi merecido, foi suado e foi genial, e agora temos mais um vencedor de corrida! Que venham mais destes dias!
Max Verstappen (-). Começou a corrida de pneus macios quando Sainz partia de médios e por isso, com um arranque impecável, roubou o lugar ao espanhol quase imediatamente, mas, tal como a liderança inicial de Sainz, não durou muito. No recomeço da corrida, desta vez de médios, voltou ao segundo lugar da grelha e, com um arranque consideravelmente pior, teve de se contentar com a vista da traseira de Sainz até à volta 10, altura em que lhe tomou o lugar, mas claramente que este não estava para ser o seu dia e pedaços de detritos na pista obrigaram Verstappen a parar e a perder um considerável punhado de posições. Daí seguiu com danos no seu monologar que o prejudicaram durante o resto da corrida, tendo até se defendido de Mick Schumacher, talvez de uma forma menos ortodoxa nas últimas curvas do GP. O azar de uns é a sorte de outros e claramente que esta temporada nos tem mostrado isso. Não foi o dia de Verstappen e por isso foi um dia histórico. Por vezes, é pelo melhor. Não para Max, mas para todos nós.
Sergio Perez (+). Se existia forma de Pérez ter pior sorte no arranque, seria apenas se estivesse envolvido no acidente que causou bandeira vermelha. Não esteve e no recomeço da corrida, à entrada para a curva 4, uma defesa desleixada viu-o perder parte da sua asa frontal num embate com Leclerc, sendo depois forçado a parar e a cair para a última posição. Daí para a frente a história foi outra e o mexicano deu um brilharete de ultrapassagens como já não pensávamos que conseguisse. Mas conseguiu. Conseguiu tanto que no último Safety Car foi possivelmente quem mais dele beneficiou, conseguindo batalhar duramente com Leclerc, roubando-lhe o lugar e fazendo o mesmo a Lewis Hamilton. Foram dois confrontos bem duros, mas Perez é feito de uma fibra especial e conseguiu levar a melhor sobre os seus rivais, terminando a corrida na segunda posição. Poderia ter sido mais um 1-2 para a Red Bull, mas a culpa disso não é do mexicano. É que se repararem, ele está mesmo nas fotos do pódio. E o Verstappen?
Lewis Hamilton (+). Isto de jogar em casa é algo que só os grande sabem realmente aproveitar e se há coisa que Lewis Hamilton sabe fazer é jogar em Silverstone. Durante toda a corrida pensei que Hamilton seria o maior perdedor se não vencesse e foi o piloto que pareceu mais capaz de o fazer. Uma estratégia bem ajustada e uma corrida bem ao nível do heptacampeão mundial fizeram com que Hamilton chegasse até a correr na liderança, mas depois de uma paragem tardia, antes do último período se SC, caiu para a terceira posição. Daí, viu um recomeço de corrida com toda a gente à sua volta de pneus macios, menos Leclerc que se colocava bem na mira do britânico, mas a ameaça veio de trás e Hamilton não conseguiu segurar a posição contra Perez. Ainda foi capaz, numa ultrapassagem brilhante a Leclerc e Perez, de tomar provisoriamente a segunda posição, apenas para a voltar a perder para o mexicano. No fim de contas, é mais um pódio para Hamilton e mais uma lufada de ar fresco nas garagens da Mercedes. Falta só um bocadinho “assim”.
Charles Leclerc (-). Foi para mim a desilusão do dia. Foi demasiado ambicioso quando Perez lhe abriu a porta no início da corrida e com isso perdeu parte da sua asa frontal, provocado danos ainda mais extensos no monologar do mexicano. “Chorou” o tempo todo que tinha estragado a sua corrida e pressionou a equipa para que pressionassem Sainz. Chegou à liderança quando Sainz parou para fazer o seu último stint, apenas para ver um Safety Car colocar-lhe nas mãos a maior decisão que seria tomada nesta corrida. E que péssima decisão! Com o objetivo de manter posição em pista, Leclerc e a equipa decidiram não parar para pneus macios quando toda a gente o fez. Ficou na frente, que nem um patinho solitário, com pneus duros já bem usados e o resultado foi quase imediato. Perdeu para Sainz, perdeu para Perez e perdeu para Hamilton. Por pouco não perdia para Alonso também, mas isso já seria demasiada humilhação. Leclerc podia mesmo ter levado o troféu em Silverstone, mas decisões destas merecem quedas assim, principalmente tendo em conta as defesas “arrojadas” que Leclerc foi fazendo durante a corrida. Podia ter ganhado mas, negativamente, mereceu a quarta posição.
Mick Schumacher (+). Nem pensem que os olhos vão ficar todos postos em Carlos Sainz. Pelo menos eu não deixo que isso aconteça. Se calhar é coisa minha que leio o nome Schumacher e me emociono, e hoje acho que me emocionei ainda mais. Mick Schumacher terminou uma corrida nos pontos, e não foi apenas um, nem dois! Foram mesmo quatro pontos na estreia do filho pródigo a pontuar e já era mais do que merecido. Cada vez mais se nota a fibra de que Mick é feito e não se pode ignorar que o talento lhe corre nas veias. Agora desculpem-me que acabei de ouvir o rádio do final da corrida e vou só ali limpar as lágrimas que me entrou uma coisa para o olho.
Fernando Alonso (+). Se era para tornar o GP da Grã Bretanha histórico, porque não bater um recorde? Alonso é agora o piloto que maior distância percorreu durante a sua carreira, tendo ultrapassado Kimi Räikkönen, e toda esta quilometragem faz-se notar. Alonso parece ser cada vez mais um piloto descansado, confiante e confortável. Num dia bom o espanhol dá brilharete e Silverstone foi um desses dias. Partiu da sétima posição e por aí se foi mantendo com Verstappen atrás de si. Conquistou dois lugares durante a corrida e foi capaz de se defender após o último Safety Car, quando Norris seguia bem perto da sua traseira. Ainda mais, juntou-se à luta pelos lugares do pódio, mas aí foi o carro que disse que não, porque vontade e qualidade não lhe faltaram para lá chegar. Ficamos ainda para ver Alonso de volta ao pódio nesta temporada, mas Silverstone fez-nos perceber que isso está cada vez mais próximo. Que seja rápido!
Ferrari (-). Corre pela internet um meme da “pit wall” da Ferrari onde todos os engenheiros estão vestidos de palhaço. Ontem esse meme poderia perfeitamente ser realidade, primeiro porque estragaram a possibilidade de levarem o 1-2 para casa com uma péssima escolha de não trocar os pneus de Leclerc e, segundo, porque ainda tiveram coragem de pedir a Carlos Sainz, que seguia de pneus macios novos no último período de Safety Car, que desse espaço ao seu colega de equipa. A minha questão é: quem é que no seu perfeito juízo toma este tipo de decisões? É que isto não é coisa de pessoa dotada de todas as suas capacidades e cada vez mais isto vai destruindo as possibilidades da Ferrari de conquistar alguma coisa que seja esta temporada. Pior ainda, as coisas não parecem estar a melhorar, antes pelo contrário. Assim sendo, fica a pergunta: quando é que vão acordar para a vida, hum?
Halo (+). Desde o dia em que o halo foi apresentado que fui um sério defensor do mesmo, e ainda me lembro de todas as discussões que existiram. Ainda me lembro de todos os argumentos palermas que fanáticos lunáticos atiravam para o ar. “Uiii, que os carros assim ficam horríveis”. “Uiii, que isto é mais dança do que corrida agora!”. “Ah, pensei que isto era para haver acidentes e para eles se aleijarem”. Hoje foi só mais um dos exemplos pelo qual o halo é essencial e temos só que dar graças pelo facto de este desporto que tantos amam se tenha tornado tão seguro e desenvolvido. Honestamente, prefiro dar louvor ao halo cem vezes por ano, do que chorar uma morte, mas isso sou eu. A todos os outros que não concordam, se calhar este não é o desporto ideal para vocês. Lamento.
Zhou Guanyu. As melhoras, puto! Volta rápido.