Acredito que, para melhor se entender os factos do presente e se construir uma narrativa de futuro há que nos inteirarmos dos factos do passado e de que narrativa esse mesmo passado foi feito. Somos um povo de memória curta ou seletiva e vale sempre a pena sairmos da espuma dos dias, para revisitarmos esse “ontem”.

Mas, se pensam que este é um artigo que visa recordar o passado, estão enganados. Este é um artigo que vive, sobretudo, de futuro.

Vamos a factos:

Dezembro de 2004. Apenas um ano antes das eleições para as autarquias, o já então líder do PSD (Luís Marques Mendes) escreveu um elogioso prefácio a Isaltino Morais, no livro de discursos de Teresa Zambujo, a substituta do autarca entre 2002 e 2005 à frente do município, quando aquele subiu ao Governo.

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“Suceder a um autarca modelo como foi, durante 16 anos e com indiscutível mérito, Isaltino de Morais não era tarefa fácil. Bem pelo contrário. Seria sempre uma tarefa espinhosa e difícil”, escrevia Marques Mendes em “Oeiras – Um Permanente Desafio”, numa altura em que a gestão do autarca já estava sob investigação. (in Jornal “O Público” 3 Jun. 2007).

Mas, nem um ano depois, Luís Marques Mendes mudou de ideias. E em decisão inédita no PSD, impediu a candidatura de Isaltino Morais à presidência do concelho onde este vencia desde 1985, levando-o a candidatar-se como independente.

Com um PSD dividido entre o seu logotipo e as cores de sempre, e por outro lado o seu presidente de sempre, Isaltino foi a votos e uma vez mais venceu.

Estamos agora em 2021. Passaram precisamente vinte anos desde a última vitória do Partido Social Democrata, nas eleições para a presidência da Câmara Municipal de Oeiras. Foi em 2001 e com uns impressionantes e até agora irrepetíveis, 55% dos votos. De lá para cá e em 2005, Isaltino. Em 2009, Isaltino. Em 2013, alguém apoiado por Isaltino. E em 2017, Isaltino de novo.

Pelo meio, o cidadão Isaltino foi condenado por fraude fiscal e branqueamento de capitais. Cumpriu pena e regressou à plenitude dos seus direitos. Mas o seu desempenho enquanto autarca foi não só aí, mas ao longo de toda a sua carreira, repetidas vezes escrutinado e sempre ilibado. Após o términus da marcha da justiça, a verdade é que não pendeu sobre ele crime algum de corrupção, nem sanção assessória de perda de mandato ou sequer de impedimento do desempenho de cargos públicos no futuro.

Porque votam nele os oeirenses?

Em 11 de outubro de 2014, o pater familiae do Partido Socialista, Mário Soares afirmava: “Isaltino foi um grande presidente de câmara e considero que foi injustiçado. Quando há pessoas que roubam milhões e estão soltas, como é que ele foi preso sem razão nenhuma?”

Estes são os factos. De Luís Marques Mendes (versão 1.0) a Mário Soares, passando por inúmeras personalidades da vida política, empresarial e social portuguesa de todos os quadrantes partidários, a verdade é que inúmeros o elogiaram. E em Oeiras, nele votam.

Mas a justificação de Isaltino ganhar sistematicamente as eleições, candidatando-se quer apoiado por um partido político ou sozinho, são inúmeras. Senão vejamos:

Oeiras é o segundo concelho português a contribuir para o PIB, só superado naturalmente por Lisboa. Em Oeiras estão instalados 30% de todo o potencial científico e tecnológico nacional (e Oeiras aposta fortemente na área da ciência, canalizando 1% do seu orçamento). Passou dos bairros das barracas ao realojamento de 5000 famílias e à mais baixa taxa de criminalidade.

Foi o primeiro município português a criar um Parque Tecnológico de excelência – o TagusPark e incentivando a criação de saber e de futuro, colocando-as em constante ebulição. Facto disso mesmo é Oeiras ter, no seu território, 104 das grandes empresas instaladas em Portugal, ficando apenas atrás de Lisboa (299) e bem à frente do Porto com apenas 51.

Muitos mais indicadores haveria para mostrar, mas importa aqui realçar a natureza política de Isaltino: através da instalação inteligente de empresas, os impostos que o município recebe são canalizados para os mais necessitados, numa profunda busca de equidade social como se pode ver nesta pandemia. Perfeição? Essa não existe, em lado algum.

Todavia, em Oeiras ninguém que precisasse ficou sem comida, medicamentos ou mesmo apoio financeiro e não é de agora. Mas desde o início da Pandemia até dezembro passado, sempre sob a égide de Isaltino, o município de Oeiras reforçou o orçamento em 10 milhões de euros.

Fez porque pode, pensarão alguns. Mas a verdade é que só pode, porque traçou um plano para Oeiras, que fez com que saísse do patamar de um concelho envergonhadamente dormitório e com milhares de pessoas no limiar da miséria, para ser um município dinâmico e competitivo, a nível não só nacional como mesmo internacional. Eis um belíssimo exemplo de social democracia implementada no terreno, bem para além das palavras.

Tudo isto é fruto do trabalho em equipa, naturalmente sempre com a presença de social democratas, mas cuja indiscutível liderança a Isaltino se deve.

Não só personalidades como Luís Marques Mendes sabem disso, como Mário Soares sempre o soube, e desde 1985 a maioria dos oeirenses também.

Chegados a 2021, o Partido Social Democrata em Oeiras profundamente personalista, interclassista e humanista, só pode estar ao lado das pessoas. Essa tem que ser a política que conta, para mais nos tempos duros que vivemos.

Unir.