No cenário atual, onde as sombras da guerra pairam sobre a Europa como já não assistíamos há muito tempo, a Filosofia emerge não apenas como uma disciplina académica ou dos currículos escolares, mas como uma arma capaz de moldar perspetivas, promover a compreensão e, quiçá, construir pontes onde as fronteiras são delineadas por desavenças e confrontos. É, assim, fundamental recordar a cada dia a Filosofia, refletir sobre o papel que reside no pensamento filosófico e como nos podemos armar com as suas ferramentas para enfrentar os desafios bélicos que assombram a nossa sociedade.

A Filosofia, na sua essência, é uma procura incessante pela verdade, pela compreensão mais profunda da existência e do mundo que nos rodeia; é um convite à reflexão, à análise crítica e à exploração de ideias. E, especialmente em tempos de conflito, esta disciplina assume um papel transcendental que nos oferece uma alternativa à retórica belicista e, pelo contrário, fomenta o diálogo e o entendimento mútuo. É, por isso, necessário que nos armemos de Filosofia: porque armados de Filosofia podemos colocar travões às batalhas físicas e promover um embate de ideias, um confronto intelectual que pretende iluminar as mentes obscurecidas pelo ódio e pela intolerância.

Mas a Filosofia não é uma panaceia: não podemos esperar que a mera contemplação filosófica tenha o poder de resolver miraculosamente todos os conflitos. A Filosofia também nos chama à ação; a uma ação ponderada e refletida, a uma ação de diálogo e discussão que permita que aumentemos o nosso arsenal de conhecimentos e enfrentemos os desafios que emergem perante os nossos espíritos de uma forma mais informada e compassiva que permitam o estabelecimento de alternativas que não perpetuem o ciclo de destruição e morte a que assistimos. Portanto, pelo menos neste dia da Filosofia, armemo-nos de pensamento filosófico: a única arma de construção em massa que transcende fronteiras físicas e mentais. Pela Filosofia somos capazes de moldar o futuro com ideias que, simultaneamente, são inovadoras e são um regresso ao passado, construindo um caminho para a paz através do entendimento mútuo e da procura coletiva pela verdade.

Em tempos de guerra, posso, e devo, armar-me de Filosofia e, com isso, contribuir para a construção de um mundo mais justo e humano. Evoquemos, então, o pensamento de Aristóteles que, nas suas incursões pela Ética, lembrava-nos que a verdadeira sabedoria está na compreensão do outro e na procura pelo bem comum. E essa é uma arma poderosa contra a brutalidade das guerras.

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