Direita e Esquerda disputam hoje a rapidez e eficácia com que atacam a Liberdade.
Reflexo da ideologia dominante, o número de leis e directivas do estado que regulam diversíssimos aspectos das nossas vidas individuais é bastante superior ao que existia no passado.
Sente-se isso em quase todas as áreas: da obsessão com a igualdade de género, aos programas de apoio à natalidade; das políticas identitárias ao exorcismo dos símbolos religiosos; da inatacabilidade da escola pública à urgência do debate sobre barrigas de aluguer; da defesa do estado social à imposição da solidariedade através da redistribuição de rendimento; da defesa da substituição das importações à necessidade do salário mínimo.
Há que ser bem comportado em relação a estas ideias. O politicamente correcto impera. Só há uma narrativa boa e conveniente. Qualquer ideia tem de ser validada para ser socialmente aceite. Um pensamento crítico é alvo de censura, quem ousa desalinhar é ostracizado e insultado.
Tudo é visto no colectivo, pelo prisma do grupo, através de abstrações. O humano e o indivíduo são detalhes de menor importância, quando não mesmo desprezíveis. É o estado que atribui direitos aos indivíduos e por isso tudo se pode reivindicar. Há como que um total relativismo dos valores. Não há moral nem ética, apenas aquilo que é legal ou ilegal.
Já estive convencido de que os advogados destas causas se dividiam em dois grupos: os mal informados e os mal-intencionados. Agora acredito que muitos destes rejeitam efectivamente a liberdade para os outros e até para si próprios.
Muitas pessoas têm medo da Liberdade. Quantas não preferem ser dependentes do estado, enjeitando o seu papel individual e mutualizando as responsabilidades por via controlo colectivo?
A Liberdade está em concorrência com ideologias totalitárias e só vencerá pela livre escolha do mercado. Impôr a Liberdade seria uma contradição nos seus próprios termos. Um comité central libertário teria tudo para dar errado.
O que fazer para ser claro que os genuínos Direitos existem antes do estado e que são parte da nossa natureza enquanto indivíduos humanos?
Como se demonstra que a liberdade de contrato entre indivíduos soberanos é mutuamente benéfica entre as partes se resultar da livre escolha?
De que forma se passa de um estado social ao serviço de grupos para um povo liberto do estado para benefício dos indivíduos?
Qual o modo de fazer perceber que direitos de propriedade são eles próprios direitos humanos e garante contra a interferência do estado?
São as ideias que definem os limites da intervenção dos estados na vida em sociedade. Quem pensa é o indivíduo. Em última instância, é o apoio ideológico que sustenta e legitima um governo e as suas políticas. Depende portanto de cada um de nós, no nosso ambiente de trabalho e familiar definir as linhas vermelhas que queremos que o estado não ultrapasse.
Não nos podemos deter na argumentação utilitarista, quase técnica, sobre as vantagens das opções liberais. Se queremos conquistar mentes em número suficiente para alterar a actual situação, temos de recapturar a origem, propriedade e nomenclatura dos termos e ideais que foram sendo apropriados e desvirtuados pelas ideologias colectivistas e progressistas.
Desde logo, restaurar o espírito do Liberalismo Clássico. Reconhecer e divulgar a superioridade moral da defesa das liberdades individuais por contraponto a qualquer das alternativas ideológicas existentes.
A autoridade moral do Liberalismo deve ser central nas discussões e análises sobre o nosso futuro enquanto sociedade. As causas do Liberalismo são superiores, em todos os aspectos, a correntes de pensamento que conduzem a uma vida em sociedade a caminho da servidão.
A juventude deve ser galvanizada pelo argumento da superioridade moral do individualismo.
Só a ética e integridade individuais poderão sustentar um caminho de Liberdade.
Licenciado em Relações Internacionais; MBA. Especialista em Internacionalização; telmo.azevedo.fernandes@gmail.com