Sabia que anualmente ocorrem cerca de 235.600 mortes por afogamento.? E que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) esta é uma das principais causas de morte em crianças e jovens entre os 5 e os 14 anos de idade? De acordo com dados da APSI, em Portugal, entre 2002 e 2022, foram registados 305 afogamentos fatais em crianças e jovens (0 a 18 anos), com 604 internamentos subsequentes.
No dia 25 de julho celebra-se o Dia Mundial da Prevenção do Afogamento, o qual se destaca não só o impacto que o afogamento tem nas famílias e comunidades, mas também a necessidade de medidas preventivas ao longo do ano. É habitual ver um aumento das inscrições nas classes de aprendizagem, em piscinas, partir de março ou abril de cada ano, esperando que os professores de natação façam a sua magia e coloquem as suas crianças a nadar até ao verão.
Pois, mas nem todos conseguem. Cada vez mais, a ação do professor de natação deve ir muito mais além do ensino das técnicas de nado. Sim, deve passar pela questão funcional de ensinar as crianças a deslocarem-se na água com as respetivas técnicas, mas deve igualmente, realizar uma ação mais global: ensinar as crianças a analisar os diferentes contextos aquáticos que frequentam e identificar possíveis desafios que possam surgir, antecipando diferentes formas de resolução dos mesmos. Esta ação educacional deve ser extensível aos pais, que ainda continuam a ter uma visão muito redutora da aprendizagem da natação.
E quando se trata de crianças com alterações do desenvolvimento? Crianças com dificuldades de comunicação, com atrasos motores e cognitivos? Como se faz? As preocupações são as mesmas, acrescidas de maiores desafios inerentes a cada condição.
Investigadores nacionais e internacionais têm-se debruçado sobre esta questão do ser competente em meio aquático e qual o impacto que tem na prevenção dos afogamentos, em crianças com e sem alterações do desenvolvimento. Especificamente, sobre a questão da percepção do risco em bebés (desde que começam a gatinhar) até à pré-adolescência, na perspetiva da competência real da criança (o que sabe efetivamente fazer em meio aquático), mas também na perspetiva dos pais. Ou seja, para além de observarem o comportamento motor de bebés e crianças em diferentes contextos aquáticos (ex. laboratório, piscinas de clubes, praia), procuram compreender a forma como as crianças entendem as tarefas e o contexto em que estas acontecem, e analisam a capacidade dos pais de identificar as capacidades dos seus filhos e os riscos existentes no meio.
São necessárias mais investigações bem como é fundamental divulgá-las com ação conjunta dos diversos atores e decisores sociais e políticos. Só desta forma se conseguirá melhorar a educação aquática das crianças e das suas famílias, capacitar os professores de natação para uma ação mais global e consistente, prevenindo o afogamento.