No pós-pandemia Portugal precisa que cada um de nós dê o seu melhor para construirmos uma sociedade mais próspera, mais equitativa e com mais saúde.

O sistema de saúde vai ser confrontado com o aumento do número de doentes e gravidade das patologias como resultado da suspensão da atividade assistencial, devido ao receio da exposição dos doentes ao vírus ou pela incapacidade dos serviços de saúde. Para vencer este desafio a indústria de medicamentos genéricos e biossimilares responde – Presente!

É neste contexto que agora, mais do que nunca, é necessário garantir o acesso de todos os cidadãos aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação, independentemente da sua condição económica.

Os medicamentos genéricos e biossimilares são pilares fundamentais sem os quais, muito dificilmente, seríamos capazes de assegurar o direito fundamental à proteção da saúde, plasmado na Constituição da República Portuguesa: porque promovem um acesso mais equitativo ao medicamento; são mais custo-efetivos; tratam um maior número de pessoas com o mesmo custo; e porque libertam recursos para financiar mais cuidados e novas tecnologias de saúde para todos os cidadãos.

Vinte anos decorridos do lançamento dos primeiros medicamentos genéricos em Portugal, e depois de vivermos a maior crise de saúde global dos últimos 100 anos, focamo-nos, hoje, no contributo dos medicamentos genéricos.

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A Apogen promoveu um estudo, realizado pela GfK Metris, para ouvir os utentes, para ouvir os médicos de Medicina Geral e Familiar e para ouvir os farmacêuticos comunitários. A primeira conclusão que podemos retirar é que existe uma opinião generalizada muito favorável aos medicamentos genéricos. Os utentes confiam, acreditam e adotam-nos, os médicos e os farmacêuticos promovem a sua utilização.

Apraz-nos verificar que houve uma evolução francamente positiva, face aos mitos, aos receios e, porque não dizer, a uma certa desinformação, que proliferaram nos primeiros anos da utilização destas tecnologias de saúde.

A recuperação económica que todos ansiamos não está dissociada do investimento que se faça no sistema de saúde, particularmente no SNS. Os medicamentos genéricos são importantes instrumentos estruturais de desenvolvimento económico, de acessibilidade e de sustentabilidade financeira, quer para as famílias portuguesas quer para o Orçamento Geral do Estado.

O incremento da adoção dos medicamentos genéricos em ambulatório tem sido um motor inquestionável do acesso a tecnologias de saúde de qualidade e muito mais acessíveis do que as alternativas em regime de proteção de mercado. Entre 2011 e 2020, os recursos libertados pelos medicamentos genéricos em ambulatório superaram os 4,2 mil milhões de euros. Esta poupança corresponde praticamente a dois anos da despesa total (ambulatório e hospital) com medicamentos no SNS. Em 2020, a poupança gerada com a adoção de medicamentos genéricos ultrapassou os 462 milhões de euros. Esta libertação de verbas permite um maior investimento em inovação na saúde.

Contudo, o inequívoco valor do medicamento genérico não pode limitar-se à poupança gerada, sendo um risco enorme que esse valor seja utilizado apenas como ferramenta para controlo de despesa. O valor gerado pelos medicamentos genéricos permite uma maior equidade de acesso: para necessidades iguais, asseguramos igual acesso; para necessidades diferentes, facilitamos o acesso a recursos diferenciados. Adicionalmente, um maior investimento no desenvolvimento e produção de medicamentos tem efeitos na recuperação da economia e no decréscimo do desemprego.

O estudo da GfK revela que evoluímos muito, graças ao forte contributo da indústria farmacêutica que investiga, desenvolve, fabrica e comercializa estes medicamentos, dos prescritores e das farmácias, tudo na construção da confiança dos doentes.

Mas, podemos fazer melhor! Existem ainda algumas pontes que precisamos de finalizar para conseguir que estas tecnologias de saúde representem em Portugal níveis de adoção idênticos aos encontrados nos países europeus mais desenvolvidos economicamente.

Atualmente, apenas cinco em cada dez utentes são tratados com medicamentos genéricos. Em países europeus mais desenvolvidos, são sete em cada dez. Para que mais portugueses tenham acesso à saúde, temos de conseguir que, nos próximos cinco anos, seis em cada dez doentes, no mínimo, beneficiem das vantagens dos medicamentos genéricos.

O pós-pandemia será, necessariamente, diferente do pré-pandemia, pelo que a APOGEN desafia todos os intervenientes do setor – Governo, Médicos, Farmacêuticos e Utentes – a olhar para os desafios da saúde e a ver os medicamentos genéricos como a alternativa na saúde dos portugueses. Porque “o caminho faz-se caminhando”, contamos com todos para dar pequenos passos em parceria e repensar novas e melhores abordagens que gerem mais e melhor saúde.