A consciência do problema no mercado imobiliário é notória na sociedade portuguesa, o problema está presente e as suas soluções ausentes, enquanto preços sobem e transformam as cidades em lugares onde o português comum apenas pode sonhar em um dia comprar casa. O preço das casas e dos seus alugueres aumentou exponencialmente e não parece haver um voltar atrás.
Há consciência de que existe este problema pelos portugueses, há frustração, porém, não há soluções a serem impostas pelo governo. Neste artigo tenho como objetivo alertar para um problema de que todos falam mas ninguém quer abordar em detalhe e tocar nos seus pontos chave.
Em Janeiro de 2018 o preço do metro quadrado para comprar casa em Lisboa estava a 2642€ e em Dezembro de 2022 estava a 3822€, segundo dados do idealista. Uma diferença brutesca, um aumento de 44% num espaço de tempo relativamente pequeno. No Porto em Janeiro de 2018 o metro quadrado encontrava-se a 1317€ e em Dezembro de 2022 já tinha chegado aos 2413€, um aumento de 83%. Saíndo dos maiores centros urbanos do país, podemos analisar um distrito mais rural, como Évora, onde em Janeiro de 2018 o preço médio por metro quadrado era 890€ e em Dezembro de 2022 tinha subido 44% para 1283€ , outro exemplo mais a norte é Braga, onde em Janeiro de 2018 o preço do metro quadrado era 804€ e em Dezembro de 2022, com um aumento de 80%, chegava ao valor histórico de 1454€.
Uma curta análise mostra como, quando analisamos os distritos, há aumentos gritantes que tem implicações diretas na vida dos portugueses, o aumento salarial não acompanha o aumento do mercado imobiliário. Porém, tentemos analisar o preço de rendas visto que nos é negada a possibilidade de comprar uma casa.
Em Dezembro de 2021 em Lisboa (distrito) o metro quadrado para alugar estava a 12.7€ e passado somente um ano em Dezembro de 2022 já estava a 16.3€ um aumento de quase 30%, nas mesmas datas, no distrito do Porto, passou de 9.8€ para 12.3€ um aumento de 25%, no distrito de Évora, de 7.1€ para 9.8€ um aumento monstroso de 38% e por fim Braga, um aumento de 6.2% para 7.6% o que equivale a um aumento de 23%.
Relembro que a taxa de inflação em Dezembro de 2022 rondava os 9.6%. Alugueres mais caros, casas mais caras, ou seja, oportunidades roubadas aos portugueses.
Qual a razão por detrás da subida do mercado imobiliário?
A falta de construção de casas e a falta de renovação das existentes devido a autorizações, casas vazias por bucrocratizações desnecessárias, o fenómeno migratório que está ligado à simples lei da oferta e procura (mais imigrantes procuram casa e há menos oferta de casa, logo os preços disparam), os imigrantes laborais, que são os autênticos escravos do século XXI (como é o caso de Odemira, onde 10 homens vivem dentro de uma casa com um quarto), os nómadas digitais e por fim o investimento estrangeiro que não é regulado e está ligado a vistos gold são alguns dos muitíssimos problemas que afetam o nosso mercado imobiliário.
Existem formas de voltar a regular o mercado imobiliário?
A resposta é sim, o problema é solucionável, os portugueses precisam de maior poder de compra, para isso era vital um alívio de impostos e não apoios de 125€. Regulação de hotéis, proibição de airbnbs em apartamentos normais, como em Berlim, onde os anfitriões são obrigados a ter uma licença para alugar uma residência inteira por curto prazo e poucos apartamentos se qualificam para tal, o que obriga o dono a alugar a residentes de longo prazo e faz com que exista maior oferta que consequentemente faz baixar os preços. Medidas mais protecionistas, como a que o Canadá implantou, onde estrangeiros não residentes não podem comprar casa. Maior controlo de fronteiras e dos fluxos migratórios, sempre numa lógica da lei da oferta e da procura, menos imigrantes a ocupar casas, mais casas disponíveis, ou seja, com mais oferta, preços descem.
Uma economia demasiado dependente de políticas falhadas e desadequadas, seja da União Europeia, seja no turismo. Um Portugal com uma estrutura económica débil, procura resolver os seus problemas com o facilitismo do turismo e mão de obra barata dos estrangeiros, esquecendo os portugueses e os seus interesses, sem almejar algo melhor para o nosso futuro
Ainda não é tarde para mudarmos o rumo de Portugal.