Em 2021 a União Europeia assumiu o compromisso de, coletivamente, reduzir em 55% as emissões líquidas de gases com efeito de estufa (GEE) até 2030 e de atingir a neutralidade carbónica até 2050. No contexto português, alcançar este objetivo implica reduzir estas emissões entre 85% e 90%, o que só será possível recorrendo a alternativas que impulsionem mudanças muito rápidas no perfil de consumo energético no setor dos transportes.

Quando se fala em descarbonizar a mobilidade acredita-se que é preciso mudar de carro e optar por um veículo “zero emissões”. Contudo, o que observamos na realidade portuguesa é que esta transição não está ao alcance de todos e que estas alternativas, sozinhas, não conseguiriam dar resposta à procura, que é cada vez maior à medida que mais e mais países se vão desenvolvendo. Por isso, são fundamentais as soluções para os motores de combustão. E é aqui que percebemos a relevância da bioenergia avançada.

Os biocombustíveis de resíduos e outros avançados, por exemplo, não exigem a aquisição de novos veículos ou infraestruturas, uma vez que são incorporados nos combustíveis que já utilizamos. Ao estarem distribuídos através de infraestruturas existentes e disponíveis nos postos de abastecimento que já utilizamos, tornam-se, por isso, a forma mais imediata de qualquer condutor se tornar mais sustentável.

Com isto, ultrapassamos uma dificuldade que impossibilita a caminhada rumo à sustentabilidade de grande parte da população portuguesa. Já que, na realidade, a porta de um carro produzido em 1980 daqui a 30 anos ainda estará em perfeitas condições para circular. Assim, será que existe a necessidade de colocarmos no mercado carros novos, com toda a produção de componentes que isso implica, devido apenas ao motor e poupança de energia associada, cuja quantificação ainda não está completamente clara?

Além disso, a produção de biocombustíveis de resíduos e outros avançados contribui para a promoção da economia circular e para uma melhor gestão de resíduos, enquanto evita a sobreexploração de recursos naturais. É por tudo isto que a incorporação cada vez mais elevada de biocombustíveis de resíduos no combustível tradicional é a melhor e, para muitos, única, forma de mudar o mundo sem mudar de carro.

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