No passado dia 7 de maio fui à praia. Acreditei que depois deste período de emergência que as coisas voltassem ao normal: sim e não.

Entre o começo das medidas para combater a pandemia e o primeiro mergulho na praia depois das mesmas, foram vários os casos de boa e má cidadania. Boa, por parte da esmagadora maioria da população, o povo português. E má, da parte de uma minoria: os políticos portugueses.

Durante este período, realizaram-se duas comemorações: o 25 de abril e o 1º de maio, correspondentes ao nascimento da democracia portuguesa e ao dia do trabalhador, respetivamente. Em pleno estado de emergência, juntaram-se uma centena de políticos na Assembleia de República, que é um espaço fechado, contra as recomendações da DGS. No segundo caso, quase cinco centenas de pessoas se reuniram na alameda, tendo viajando entre distritos em autocarros.

A DGS não condenou, Marcelo apoiou e Costa, agora, afirmou que em relação aos festivais: cancelem-se os de verão, mas o Avante é para ficar.

Passado o período de estado de emergência, no dia sete de maio, pratiquei um direito básico: fui a pé, desde minha casa, no Monte Estoril, encontrei-me com o meu irmão mais novo e um amigo, e fomos até à Praia da Poça, em São João do Estoril.

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Aí chegados, mergulhámos e aproveitámos o bom tempo, tal como outras duas dezenas de pessoas que também estavam por lá.

Entretanto, chega um barco da Polícia Marítima e um jet-ski. Vejo os pais e as mães presentes a apressarem os filhos a saírem da água: vieram ordenar as pessoas a voltarem para terra. Por ter continuado a nadar, juntam-se seis agentes, um barco, um jet-ski, um carro e dois jornalistas, e até tive direito a horário nobre, no dia seguinte, num canal de televisão.

Foi nesse momento que me apercebi de que o «bom» ainda não voltou, mas o «mal» ficou, e o bom senso desapareceu de vez. Juntaram-se as forças do estado para ordenar quem nada, enquanto o que se fez pelos portugueses no estado de emergência tem sido, comparativamente, quase nada.

Há anos que vendem aos Portugueses a ideia de uma igualdade, mas a realidade conta-nos que o que se pratica é impunidade. “Faz o que eu te digo, mas não faças o que eu faço: cada vez mais ser português é um autêntico embaraço” são as palavras com as quais muitos se identificam, por terem sido obrigados a se resguardar, enquanto os «intocáveis» vão continuando como se nada se passasse. Somos inundados por medidas contraditórias, obtusas, sem fundamento, e um governo inconsistente, incoerente e acima de tudo, que acredita estar acima do resto de qualquer julgamento.

Discute-se hoje como é que se deve voltar à normalidade. Eu questiono se o normal até agora tem sido benéfico para a sociedade, e se esta não é a oportunidade ideal para reconsiderarmos o poder que se dá a quem acha que com ele vale tudo, e que por ele tudo faz.