Por todo o país milhares de homens e mulheres trabalham diariamente para ganhar eleições (autárquicas, legislativas ou europeias), apoiando associações, desenvolvendo iniciativas, fazendo convívios, com o objetivo de conseguir a confiança das pessoas, mas há coisas que não mudam: ficamos entusiasmados nas eleições e desiludidos depois das eleições.

“Agora é que vai ser”, é uma das frases mais repetidas. As pessoas procuram acreditar que a vida vai mesmo melhorar, mas quando olham para trás percebem que pouco ou nada mudou, e, em alguns casos, piorou. O nosso desinteresse em alterar esta situação é chocante, não é? Ou apenas preferimos deixar as coisas como estão porque, lá no fundo, nem sabemos como resolver os problemas?

Por exemplo, porque é que os pequenos municípios do interior esperam anos por investimentos fundamentais à sua sobrevivência? Ficamos satisfeitos com pequenos investimentos e algumas fotografias para as redes sociais? Passam décadas e pouco ou nada melhorámos a forma de defender os nossos interesses locais, regionais e nacionais.

Porque é que isto acontece? Será que somos apanhados pelo “apagador de memórias” do Will Smith como no filme Homens de Negro e simplesmente as ideias e os problemas desaparecem? Parece que sim, e quando alguém diz “olha lá que isto foi prometido há 10 ou 15 anos”, ficamos estáticos e desiludidos pela nossa falta de atenção. O importante é o amanhã, o dia seguinte logo se vê.

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As pessoas são influenciadas pela imagem que os candidatos passam, semanas antes das eleições, também pelo que ouvem dos seus amigos e familiares mais próximos e/ou pelas opiniões de figuras regionais ou nacionais. Ao ser assim, os políticos mais experientes sabem que o mais importante é trabalhar a imagem e as mensagens e não necessariamente as políticas e os resultados.

As pessoas não gostam de desafiar as suas próprias ideias e as contradições que nelas residem porque ficam desconfortáveis com a possível falta de conhecimento, e isso limita a nossa capacidade de analisar as políticas e os resultados com pensamento crítico. À pergunta “será que estou a pensar bem?”, alguns respondem “nem quero saber”. Somos superficiais.

O país fica refém de uma espécie de conformismo consentido. Na verdade, as pessoas gostam mais de falar de polémicas do que de soluções para os desafios societais, é mais leve e menos exigente, e, enquanto assim for, não podemos esperar resultados diferentes. Sem conhecimento não há responsabilização, sem responsabilização não há compromisso, sem compromisso não há resultados.