Ricardo Leão debate-se com um dilema desde o início do seu mandato, estejamos a falar de saúde, de segurança ou de habitação o Presidente da Câmara Municipal de Loures é obrigado a renegar as políticas socialistas e consequentemente a renegar o seu próprio partido. São inúmeros os exemplos ao longo dos últimos três anos em  que afirmou que entre ser Presidente da Câmara e ser solidário com o seu partido  escolheria sempre a primeira opção, estranha afirmação para quem acabou de ser escolhido para liderar a FAUL.

Ricardo Leão parece ter um caso de identidade dissociativa, são vários os episódios em que acredita pertencer a outra corrente política e adota características e comportamentos de outros partidos políticos, deixando no ar a dúvida se está mesmo a defender essas ideias convictamente.

No caso da saúde e perante o fim da PPP do Hospital Beatriz Ângelo, que teve como consequência uma queda vertiginosa na qualidade do serviço prestado por aquela unidade hospitalar Ricardo Leão assumiu-se como um verdadeiro liberal e num exercício teórico defendeu a coexistência da prestação de serviços de saúde entre público, privado e social.

No caso da segurança decidiu copiar o autarca de Lisboa Carlos Moedas e sugeriu para Loures que a Polícia Municipal se tornasse uma força de segurança com poderes equivalentes à PSP ou GNR, ficando sob a alçada do executivo camarário.

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E por fim, na habitação decide assumir a visão do partido Chega. Numa reunião de Câmara Ricardo Leão vota favoravelmente uma recomendação do Chega que pretende impor sanções automáticas no acesso à habitação municipal a quem participa em tumultos ou atos de vandalismo.

Loures afunda em todos os indicadores, na saúde uma queda vertiginosa, na segurança reina o caos e na habitação Loures foi o que mais  caiu mais atribuição de novos licenciamentos, Ricardo Leão no fundo não acredita nas ideias do seu próprio partido para resolver estes problemas.

O dilema de Ricardo Leão assenta num ponto demasiado óbvio, estamos a um ano de eleições autárquicas e perante a ausência de soluções para os problemas do concelho o presidente da câmara tenta reduzir a margem de manobra política de outros partidos. O que Ricardo Leão se esquece é que mais tarde ou mais cedo vai ter de apresentar trabalho, manobras de comunicação e de distração não resolvem os problemas reais.