Já não falta muito tempo para as legislativas. Dia 10 de março iremos escolher o futuro deste país. De uma coisa estou perfeitamente seguro: se Pedro Nuno Santos vencer e for Primeiro-Ministro, teremos um “reinado socratiniano”.

Pedro Nuno é uma combinação de dois líderes socialistas: António Costa e José Sócrates.

Costa deu-lhe palco e oportunidade. Dele herdou a capacidade de se adaptar, jogando em qualquer um dos hemisférios políticos, de forma a garantir e assegurar as suas pretensões. Para este, os fins justificam os meios (tal como habilmente referia Maquiavel). Pedro Nuno Santos sabe que quanto menos falar à comunicação social e tecer comentários públicos, mais chances tem de vencer. Até porque o silêncio, por vezes, mais do que a própria palavra, pode ser uma excelente arma política.

De Sócrates aprendeu o bom gosto para fatos, isso ninguém o pode negar. A arte de bem gastar parece persegui-lo. O problema não são os gastos pessoais, pois cada um sabe de si, mas sim o uso irracional do dinheiro público, dos contribuintes. Veja-se a TAP, por exemplo.

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Em 2020, o governo optou por reverter a privatização da companhia, recomprando-a por 55 milhões de euros. Desde então, foram injetados 3,2 mil milhões de euros (dinheiro esse que nunca será devolvido aos cofres portugueses). Como se isso não bastasse, foram inúmeros os trabalhadores despedidos (o número só subiu em 2020), os que ficaram sofreram cortes salariais (na altura, na ordem dos 20%) e foi cancelado parte da renovação da frota. A TAP foi tão salva quanto o Jack no Titanic.

E o caso de Alexandra Reis? É uma demonstração que o “salvador” tem graves lapsos de memória. Primeiro, afirmou que o despedimento não foi tomado por WhatsApp, no entanto, depois disse que deu o “ok” aos 500 mil euros de indemnização à ex-administradora, por iMessage, a Hugo Mendes. Este último, curiosamente apontou o dedo ao escritório de advogados que assessorava a TAP (uma mera pesquisa no Google dá para saber qual escritório foi, e até serve para inferir curiosas ligações políticas). O que se sabe é que alguém fez asneira, e da grossa.

Mas existe mais alguma cartada de Pedro Nuno Santos? Claro que há. O próprio sustenta que, pela primeira vez nos últimos 50 anos, tanto a TAP como a CP deram lucro. Já vimos o buraco da TAP, mas quanto à CP, tal será assim?

É verdade que, em 2022, a CP teve lucros. Mas o segredo está nos detalhes. Pois o governo socialista só conseguiu atingir um resultado positivo pois existiu uma operação de saneamento financeiro. Nos 9,2 milhões de euros de lucros, há que pesar a operação de saneamento que passou por um perdão da dívida de perto de 2 mil milhões de euros formalizado no Orçamento do Estado, bem como os “subsídios à exploração” dados pela Administração à empresa, que somaram ao saldo da CP 116 milhões de euros, depois de valor semelhante ter sido transferido para a companhia um ano antes.

Não parece José Sócrates a prometer postos de trabalho?

Numa entrevista, teve a coragem de afirmar que possuía consciência social desde menino por toda a pobreza que viu ao seu redor. Acredito que deva ser complicado ver o desnorte dos outros num Porsche 911 (997) (o qual afirma que vendeu por não ser compatível com o “socialismo”) ou num Maseratti Quattroporte.

Não nos podemos também esquecer que foi o próprio Costa que desautorizou Pedro Nuno Santos e anulou o despacho para o então novo aeroporto Montijo-Alcochete. Nem na própria casa conseguiu ter ordem.

E quanto à sua experiência profissional? Vasta? Trabalhou na empresa do pai, durante meses. E quem lhe sucedeu no cargo? Marina Gonçalves. Resultado: Pacto Mais Habitação. Um belo legado, portanto.

Como se mais nada bastasse, existiu a compra de ações dos CTT pela Parpública (sociedade de capitais exclusivamente públicos). Primeiro não sabia, depois disse que sabia, mais tarde disse que sabia, mas não tinha de interferir, depois que tinha de interferir, no entanto, não o fez.

Eis Pedro, “O Incongruente”.