Como Diretor da Católica Lisbon School of Business and Economics dei hoje as boas vindas a 1000 novos alunos de licenciatura e mestrado, sendo a primeira Escola do país a inaugurar o novo ano académico. Desses 1000 novos alunos mais de metade são internacionais, oriundos de mais de 50 países da Europa e do mundo. São mais de 500 jovens que vieram viver para Portugal durante 2 ou 3 anos para realizar os seus estudos. Com eles trazem talento, diversidade de experiências e culturas, e um desejo profundo de aprender e desenvolver as suas competências e redes de contacto. Quer fiquem, quer voltem, serão para sempre embaixadores da cultura portuguesa e da vida em Portugal.

Esta foi também a semana em que foram divulgados os resultados do concurso nacional de acesso ao ensino superior público. Cerca de 50 000 alunos foram colocados, de entre 58 300 candidatos a 54 600 vagas disponíveis nas universidades públicas. 86% dos alunos teve colocação, o número mais elevado dos últimos cinco anos, e 56% desses alunos foram colocados no curso de sua primeira preferência.

São números positivos de adequação do sistema universitário português à procura, mas são também números que permitem vislumbrar desafios. O número de candidatos foi inferior ao ano anterior, tendência que já vem de 2022. A geração que agora entra na Universidade é a geração de 2006. Nesse ano nasceram em Portugal 105 500 bebés, menos 4000 que em 2005. Em 2010 nasceram apenas 101 000 e o número caiu fortemente para 82 500 em 2013 e 2014. Ou seja, é de esperar um ligeiro declínio do número de candidatos ao ensino superior nos próximos 4 anos e depois uma queda mais acentuada que poderá chegar aos 15-20% nos 4 anos seguintes. Isso poderá levar o sistema a ficar desajustado em termos da sua dimensão, com um aumento das vagas sobrantes.

Atualmente há já 5000 vagas sobrantes para a 2.ª fase  do concurso nacional de acesso, e há 30 cursos que não colocaram qualquer candidato. Há também várias instituições, em particular politécnicos do interior do país, que preenchem apenas metade das vagas disponíveis. Quando a procura dos alunos é sólida, e num sistema de ensino grande com muitas instituições diferentes, há um processo normal de diferenciação das instituições e ajustamento de vagas à procura efetiva de cursos. Mas num cenário de queda estrutural da procura, como se avizinha pelas tendências demográficas, o ajustamento terá que ser também estrutural com fecho de cursos e eventual redução ou fecho de certas instituições. No entanto as Universidades e Politécnicos desempenham um papel que vai além do ensino, sendo pólos de conhecimento e atração de talento, centros de competências e inovação em áreas diversas, e potenciais parceiros de empresas e instituições públicas, bem como criadores de emprego. Temos além disso um sistema de ensino superior público e concordatário de qualidade, que inclui a Universidade Católica, a qual está presente em Lisboa, Porto, Braga e Viseu e preenche todas as vagas.

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Neste contexto, o caminho mais natural e benéfico para Portugal é a abertura à internacionalização das Universidades Portuguesas, aumentando consistentemente o número de alunos internacionais que vêm estudar para Portugal aproveitando a excelente relação de qualidade/custo do nosso sistema. As Universidades e Politécnicos têm cerca de 3-4 anos para fortalecer esta aposta, aproveitando também os desafios vividos em destinos tradicionais como os EUA e o Reino Unido. É uma oportunidade que Portugal não poderá perder pois pode tornar-se num pólo de atração do melhor talento internacional de alunos e professores, bem como de cientistas.

Na CATÓLICA-LISBON desenvolvemos esse processo de internacionalização nos últimos 20 anos, com uma estratégia consistente de qualidade e abertura internacional que permitiu alcançar os números que hoje temos de mais de metade de alunos internacionais. Esse caminho de internacionalização começa com uma análise e melhoria muito grande da experiência dos alunos, tanto académica e pedagógica como em termos das outras dimensões da sua vida no campus ou na cidade. Cada instituição deve posicionar-se em áreas específicas com grande qualidade académica para atrair bons alunos internacionais. E não se pense que só as cidades de Lisboa e Porto podem atrair alunos. Por exemplo, a Universidade Católica em Viseu tem recebido cada vez mais alunos internacionais de vários países Europeus para o seu curso de Medicina Dentária.

Neste processo de internacionalização, é importante criar equipas que vão às feiras relevantes nos países-alvos e fazem marketing digital dos seus programas. E é fundamental acarinhar muito os primeiros alunos internacionais que chegam, pois não há nada mais poderoso em marketing que o passa-palavra da experiência positiva de clientes satisfeitos. Para abrir a um mercado internacional mais profundo tem de se começar a ensinar em Inglês, que atualmente é a língua da Ciência e da Academia em muitas áreas.

Todos estes processos requerem lideranças fortes e mudanças culturais nas instituições, com uma orientação muito grande para o aluno e para a inovação. É um caminho difícil de fazer, mas que gera frutos. Passados uns anos, o número de alunos internacionais começa a duplicar todos os anos, a experiência e qualidade do ensino aumentam, e a própria experiência e satisfação dos alunos Portugueses também aumenta, gerando mais procura interna. É um caminho virtuoso de aposta na excelência académica e na experiência do aluno. E é o melhor caminho para as Universidades e Politécnicos portugueses. É mesmo uma oportunidade a não perder e um desafio a abraçar.

Há também um papel a desempenhar pelo Estado. O mercado economicamente mais vantajoso é o de fora da Europa (porque para alunos da União Europeia não se pode cobrar preços diferentes das propinas pagas pelos Portugueses). Facilitar o processo de obtenção de vistos aos estudantes universitários e garantir um visto de residência e emprego que permita aos graduados por instituições Portuguesas permanecerem em Portugal, são medidas óbvias e viáveis de implementar.

A área de Ciências Económicas e Empresariais é a área do ensino superior com maior mobilidade e mercado global e está na dianteira desse processo de internacionalização. É também a área na qual as escolas de negócios Portuguesas, como a CATÓLICA-LISBON, estão cotadas entre as melhores do mundo nos rankings e estão já muito avançadas no processo de internacionalização, podendo ser a fundação de um cluster competitivo de ensino superior.