As emoções sentidas por um doente terminal, ao tomar consciência da inevitabilidade e proximidade da sua morte, foram descritas Elisabeth Kübler-Ross como passando por cinco fases: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. As críticas a este modelo tem sido muitas, o que não tem impedido que tenha vindo a ser aplicado a várias outras situações, como o luto e a adaptação das pessoas à presente pandemia. A própria Elisabeth Kübler-Ross descreveu assim à Harvard Business Review, de modo estilizado, a reação de muitos à crise que estamos a viver:

“Há negação, que vimos muito logo no início: este vírus não nos afetará. Há raiva: estão-me a obrigar a ficar em casa e a tirar as minhas atividades. Há negociação: se eu mantiver o distanciamento social durante duas semanas tudo melhorará, certo? Há tristeza:  não sei quando isto irá acabar. E, finalmente, há aceitação. É o que está a acontecer: tenho que perceber como atuar.”

Tal como um familiar face à inevitabilidade da morte de um ente querido, ou como uma pessoa comum a viver nesta pandemia, o governo português, na sua reação ao estado de coma da TAP, também irá passar pelas cinco fases do modelo de Kübler-Ross. Já houve negação: o quê, deixar cair uma empresa estratégica para o país? Impossível! Houve raiva: os palermas e incompetentes da direita do Observador não sabem como funciona a economia! Também já houve negociação, com o acionista que engendrou o último turn-around que permitiu à empresa continuar viva até hoje: sai daqui, patife, que me estás a matar a minha TAP. Vai haver depressão, quando as coisas começarem a correr como irão correr como sempre correram sempre que o ꓱstado português tomou conta, nacionalizou, expropriou ou por qualquer outro modo tomou uma posição dominante numa empresa, rentável ou não. A depressão, no ꓱstado português, é uma patologia sempre acompanhada de um grande esforço de esquecimento, através do equivalente na vida política à ingestão imoderada de bebidas alcoólicas fortes, como a sonegação de informação, o controlo da descomunicação social que é feita, e o enxovalho a quem chama a atenção para a bandalheira. Finalmente haverá aceitação: aceitação da enorme fatura que será aceite pelo estado e paga pelos contribuintes.

Kübler-Ross esclarecia à Harvard Business Review:

“Aceitação, como pode imaginar, é onde está o poder. Encontramos controlo na aceitação. Posso lavar as mãos. Posso manter uma distância de segurança. E posso aprender como trabalhar à distância.”

Este é o ponto: é na aceitação que está o poder. É na aceitação fatalista e bovina dos contribuintes nacionais de todas as sandices económicas e orgias financeiras do nosso governo onde está o seu verdadeiro poder. Também o governo português irá lavar as mãos. Também irá manter uma distância de segurança. E desde sempre que soube trabalhar à distância…

Us avtores não segvem a graphya do nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein a do antygo. ꓱscreuem coumu qverem & lhes apetece.

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