Esperemos que o primeiro-ministro nos venha dizer que é precipitada esta perspectiva, de os aumentos salariais no sector privado serem pagos às empresas privadas com dinheiro do Orçamento do Estado, tal como o fez sobre as análises ao que o Governo pretendia fazer em matéria fiscal – embora nesse domínio, a política de englobamento mereça mais elogios do que criticas. Mas pelas declarações que temos ouvido das associações patronais parece pouco provável. Fazem apenas questão que não se fale em “compensações” pelos aumentos salariais que poderão ser acordados em sede de Concertação Social.
É lamentável ver os empresários a quererem que seja o Orçamento do Estado a pagar os aumentos salariais, em vez de batalharem pela modernização, por aquilo que dará futuro aos seus negócios e empresas. E ainda mais grave é ver a abertura que os empresários estão a dar para condicionar a sua liberdade, aceitando estas “dádivas”, com riscos para a democracia.
Ponto prévio: não estamos aqui a criticar as decisões de aumento dos salários que, como veremos mais adiante, pode ser uma boa estratégia se for realizada com prudência e principalmente se não for o dinheiro dos contribuintes a subsidiar essa subida. Temos estado a actuar como se nunca mais fosse existir nenhuma crise com aumento do desemprego, esquecendo-nos que, se os aumentos forem imprudentes e completamente desligados da produtividade, o desemprego será maior do que no cenário alternativo de subidas mais prudentes. E que o Estado pode, em tempo de crise, ter de acabar com os subsídios salariais que parece agora preparar-se para dar ao sector privado.
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