Confrontados com mais um ato eleitoral os portugueses devem, cada vez mais, entender a importância e responsabilidade do seu voto.

A importância da democracia e do voto popular está plasmada na nossa história, pelo que não deveria ser necessário relembrá-la a cada ato eleitoral.

Desde o 25 de abril que vacilámos todos na educação cívica e continuamos a chegar ao dia de votar sem noção da verdadeira importância deste ato.

Se é verdade que se lançaram dezenas de campanhas por uma maior participação cívica nas últimas décadas, também é verdade que não aprofundámos esta importância e conquista como deveríamos.

Podemos concluir que nós, portugueses, sabemos que é nosso dever votar, mas não sabemos qual o real impacto desse voto e o processo que devemos desenvolver para votar de uma forma mais informada, esclarecida e responsável.

Os partidos não têm ajudado os eleitores a alcançar essa clareza, é certo, mas não são os únicos responsáveis pela maneira desinformada e pouco criteriosa com que se vota muitas vezes. As campanhas são pouco esclarecedoras e transparentes, ao mesmo tempo que os portugueses se preocupam pouco em conhecer, analisar e discutir os programas políticos dos vários partidos que se apresentam a eleições.

Numa altura em que o discurso político se encontra bastante polarizado, espera-se uma campanha eleitoral agressiva, que exigirá dos eleitores uma ponderação e análise bastante profunda até ao dia 10 de março. A abstenção e os votos de protesto não são aconselhados nunca e em particular nestas eleições.

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Aos partidos políticos exige-se clareza, verdade e transparência nos próximos meses de campanha. Aos portugueses exige-se ponderação e noção da responsabilidade no momento de votar.

Ninguém é perfeito, nenhum partido político dispõe de uma varinha mágica para resolver todos os nossos problemas e nenhum futuro governo está livre de decisões e opções políticas menos acertadas, mas devemos todos ter perfeita noção da consequência que terá utilizar o voto em partidos extremistas, radicais e xenófobos como forma de penalizar os ditos partidos do arco da governação. Não é esse o caminho. São já vários os países que caíram nessa tentação e o resultado está à vista, com sociedades mais desprotegidas, políticas xenófobas e radicais e governos corruptos. Não, essa não é a solução, por mais que nos façam acreditar nela.

Concentremo-nos naqueles que têm uma visão democrata, social e solidária para o país. Naqueles que não cultivam o ódio e a demagogia. Naqueles que não utilizam o sensacionalismo para nos iludir. Façamos todos uma reflexão e análise nos próximos meses sobre as políticas com que mais nos identificamos e os líderes que mais confiança nos transmitem sem, naturalmente, sonharmos em ter um primeiro ministro livre de erros e opções mal tomadas. Afinal de contas, errar faz parte da condição humana e não o assumir é valorizar a demagogia.

Votar é um dever. Votar em consciência é essencial.