Os debates com os candidatos às próximas legislativas têm sido claros em alguns aspetos: na falta de transparência e de verdade na apresentação de alguns factos mas, pior do que isso, na ausência de propostas concretas. Outro aspeto, é a falta de nível que se tem verificado em alguns dos intervenientes.
No debate entre Pedro Nuno Santos e Rui Rocha, o Secretário-Geral do Partido Socialista atirou a seguinte pergunta: «O que é que não funciona?»
O candidato do Partido Socialista, que convém recordar que fez parte do governo em boa parte dos últimos 8 anos, devia ter noção da realidade do país. Pelos vistos, não tem.
O que não funciona são os setores basilares do Estado, como a saúde, educação, economia, segurança e habitação. Mas, mais do que isso, a falta de transparência de quem é titular dos cargos públicos.
Comecemos pela saúde. Nos últimos anos, registaram-se 1,7 milhões de pessoas sem médico de família, ou seja, mais 700 000 pessoas do que em 2015. Além disso, a falta de profissionais de saúde que tem levado ao fecho de urgências, maternidades, ao aumento das listas de espera e ao recurso aos prestadores de serviços privados, levando ao aumento dos seguros de saúde.
Ao contrário daquilo que o Partido Socialista propõe, não é com a obrigatoriedade de permanência no setor público ou com o pagamento de uma espécie de indemnização ao Estado caso o profissional de saúde pretenda ir para o setor privado ou emigrar. Uma medida que, aliás, pode acarretar problemas constitucionais.
A retenção de profissionais consegue-se com a melhoria de condições e, consequentemente, o aumento da atratividade da carreira no setor público.
Na educação, os resultados dos alunos são os piores da última década, há alunos que desde o início do ano letivo estão sem professor a pelo menos uma disciplina, até agora, e a crónica faltas de vagas em creches.
A falta de professores deve-se, também, à falta de valorização das suas carreiras, o desinvestimento nas infraestruturas e na atratividade da carreira.
Voltando o foco para a economia, os portugueses pagam a maior carga fiscal desde que há memória. Somos já o 5º país com o maior aumento da carga fiscal da União Europeia e temos o 4º pior poder de compra da Zona Euro.
Podemos crescer acima da média europeia, mas, isso é suficiente? Seria bom se, ao contrário do que nos querem vender, não estivéssemos a ser ultrapassados pelos países com quem competimos, caminhando cada vez mais para a cauda da Europa.
Nos últimos tempos o país tem assistido a um acentuar de problemas a nível de segurança. As forças de segurança encontram-se num período de protesto com o governo a criar um problema sério ao discriminar as várias forças de segurança.
Aqui, olhando para as propostas do Chega para esta área são gravíssimas, propondo que os polícias tenham direito à greve e se possam filiar em partidos, não só colocando em causa a segurança, mas acima de tudo, a isenção, transparência e confiança das mesmas.
Tudo isto não passa de um número populista e demagogo de André Ventura que, diga-se, é a sua habitual forma de estar e fazer política.
Gostaria também de elucidar o estimado leitor para a falsa narrativa sobre o corte das pensões e da lei da habitação, conhecida por lei Cristas. Não, não foi o PSD que cortou pensões. O corte de pensões começou com o governo de José Sócrates e prosseguiram no governo de Passos Coelho forçado a cumprir com as medidas de austeridade negociadas pelo Partido Socialista com a Troika.
Sobre essa matéria, pode facilmente regressar a 2011 e rever uma entrevista do ministro Teixeira dos Santos à RTP onde confirma precisamente a implementação da austeridade.
Quanto à Lei das Rendas, conhecida como Lei Cristas:
Essa medida foi negociada pelo PS com a Troika, mas, a mesma, tinha algumas salvaguardas para as pessoas vulneráveis.
Esta lei tinha duas derrogações:
1 – Pessoas com mais de 65 anos
2 – Pessoas com incapacidade superior a 60%
Nenhuma destas podia ser tirada de casa
3 – Pessoas com menos de 65 anos e com rendimentos inferiores a 5 salários mínimos tinha 5 cinco anos de período de graça.
A história da avó que Mariana Mortágua contou no debate com Luís Montenegro não só é demagoga como não corresponde à verdade. Convinha que a própria explicasse a história.
Deixo o apelo para que procure saber as propostas de cada partido e o convite para uma reflexão séria.
No próximo dia 10 de março votemos com consciência. Não deixemos que outros decidam por nós o rumo do país!