Pela ocasião do dia Internacional da Felicidade (20 de março), a UNESCO vai realizar um webinar subordinado ao tema das escolas felizes que poderá ser assistido aqui mediante inscrição.

O que é uma escola feliz? Uma resposta simples, ainda que demorada, capaz até de ser intuída, sempre com margem de aperfeiçoamento. Simples porque considera apenas três fatores como pilares: as pessoas, os processos e os espaços. Estas foram as conclusões a que chegaram os investigadores por detrás do Happy School Project, desenvolvido pela delegação de Banguecoque da UNESCO, que reuniu esta informação perguntando aos alunos, professores, funcionários, diretores, pais e demais comunidade educativa o que torna uma escola feliz ou infeliz, como fazer para o processo de ensino/aprendizagem ser mais apelativo e inclusivo.

O contributo deste estudo internacional é, sobretudo, o de apetrechar os atores educativos de ferramentas para que possam transformar os seus espaços de trabalho em escolas felizes.

No caso português, o estudo das escolas felizes está a ser desenvolvido pelo Programa Happy School, uma parceria entre a DGAE e a Universidade Atlântica.

Daquilo que já sabemos, podemos afirmar que as relações, seja entre pares, seja entre alunos e professores, o respeito com que todos eles são tratados, nomeadamente, o respeito pela diversidade cultural, religiosa e identitária são as principais características de uma escola feliz.

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Em relação às características que determinam os professores e os auxiliares de ação educativa de uma escola feliz, podemos referir que valorizam-se bastante as qualidades humanas e profissionais de ambos os profissionais. No caso dos professores, não só têm que ser bons professores, ou seja, explicar bem a matéria e mostrar entusiasmo na lecionação, como também têm que estar atentos, ajudar e apoiar os alunos. Interessante é também o facto de que as condições como desempenham o trabalho não sejam relevantes, numa ideia que pode querer dizer que os professores tudo fazem ao seu alcance para desempenharem bem a sua função. Relativamente aos auxiliares de ação educativa estes também devem ser bons, simpáticos e atentos aos alunos.

Numa escola feliz, ensina-se e aprende-se com aulas práticas e dinâmicas, experimentais e lúdicas. Aprende-se fazendo trabalhos de grupo e projetos e também se valoriza a inovação, como por exemplo, o poder-se usar computador para aprender. Quer-se um processo de ensino/aprendizagem baseado em atividades capazes de desenvolver aprendizagens informais além das estipuladas pelo currículo. Numa escola feliz, aprende-se ao ar livre, fazendo do recreio e da natureza a sala de aula, mesmo quando esta é a sala de alunos mais velhos. Numa escola feliz, faz-se uso da criatividade.

Numa escola feliz, os alunos aprendem fazendo visitas de estudo, uma prática que complementa e reforça o currículo ministrado em sala de aula. Também é valorizada e fomentada a prática do desporto, bem como os eventos culturais. Através deles, os alunos são convidados a mostrar os seus conhecimentos e capacidades.

Numa escola feliz, os alunos encontram utilidade nos conteúdos abordados, aliás, valorizam as aprendizagens como algo que os prepara para o futuro. Numa escola feliz, os alunos sentem-se reconhecidos pelas suas conquistas.

Numa escola feliz, os alunos movimentam-se num ambiente calmo e propício às aprendizagens e sentem-se seguros. Uma escola feliz é limpa e tem boa comida!

Por outro lado, é possível identificar alguns sinais que podem indiciar uma escola com características de infelicidade. A carga horária de uma escola, quando a distribuição entre tempo livre e horário escolar é desequilibrada,  é um traço de uma escola infeliz. Esta característica sai reforçada pelo testemunho dos alunos, que têm muitas aulas e pouco tempo para praticar as tão desejadas atividades extracurriculares que uma escola feliz oferece. Ter tempo livre para brincar, jogar à bola ou simplesmente estar com os amigos é uma característica de peso de uma escola feliz.

Falar-se-ia de uma escola plena de felicidade se nela não existisse bullying, o que permitiria aos alunos conseguirem relacionar-se e desenvolver-se em pleno. Quando os professores não revelam atitudes e qualidades pessoais e profissionais e estabelecem más relações com os alunos contribuem para caracterizar de forma negativa a escola.

Ao elencar-se um Top 5, das principais características que contribuem para uma escola feliz, com os resultados que foram sendo obtidos, podemos afirmar que nele devem constar as seguintes:

  • as amizades e as relações que se estabelecem na escola;
  • as atitudes, qualidades e competências dos professores;
  • a existência de tempo livre;
  • a possibilidade de os alunos desenvolverem as suas capacidades e a existência de relações respeitadoras.

O que é uma escola feliz? Uma resposta simples, ainda que demorada, capaz até de ser intuída, sempre com margem de aperfeiçoamento.

(Texto elaborado à luz da investigação desenvolvida pela autora no âmbito do Programa Happy School em Portugal, uma parceria entre a DGAE e a Universidade Atlântica).