António Sérgio, renomado filósofo e ensaísta português do século XX, fez uma distinção importante entre o que é a “Opinião Pública” e a “Opinião Publicada”. A primeira representa a diversidade de visões e perspetivas da sociedade. A segunda, por outro lado, refere-se às informações que os meios de comunicação social difundem, que nem sempre refletem fielmente a diversidade da sociedade.

No mundo moderno, observamos a influência dos meios de comunicação social, especialmente nas instituições públicas, que frequentemente os usam em benefício próprio. Autoridades e políticos muitas vezes tentam controlar e moldar a narrativa divulgada para atender aos seus próprios interesses, ignorando as preocupações e vozes distintas da sociedade.

A busca por audiência e poder quase sempre desvirtuam o papel fundamental dos meios de comunicação social, que é o de promover um debate público honesto, isento e próprio, sem filtros, sem interferência ou julgamentos. A manipulação, o sensacionalismo e a desinformação podem prejudicar a formação de uma opinião pública crítica e informada. Isso afeta a própria natureza da democracia e da literacia social.

A liberdade e independência da imprensa devem ser garantidas para corrigir tal situação. É essencial promover a educação nos meios de comunicação para capacitar o público a distinguir verdades e possíveis manipulações. Hoje é a própria comunicação social que promove os fact check, ou seja, analisa a informação publicada (interna ou externa), para julgar se a mesma corresponde ou não à verdade, total ou parcial.

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Muitos políticos, nacionais e internacionais, sobejamente conhecidos, têm usado a contrainformação para ganhar destaque e iludir a sociedade, mostrando-se como verdade absoluta, senhores do saber, o epítome da arte de governar sem mácula, usando de demagogia e populismo para atingir os seus objetivos.

Na esfera nacional, vemos instituições que deveriam transbordar de credibilidade e serem um farol social, como algumas ordens profissionais, a “enganar” literalmente o povo (entenda-se, sociedade, onde residem os próprios membros dessas ordens), lançando desinformação, convertendo-se ao sindicalismo e partidarismo! Haja decoro: as ordens são uma extensão do Estado, com poderes delegados pela Assembleia da República, criadas para afiançarem a qualidade dos atos praticados pelos seus profissionais e, desta forma, darem uma garantia de excelência e segurança à sociedade. Não foram constituídas para marchas públicas, manifestações e uso de linguagem obscena e imprópria dos seus titulares.

É como tal, necessário preservar a integridade da opinião pública e combater o mau uso dos meios de comunicação social em Portugal. A consolidação de uma imprensa livre e ética é essencial para garantir o fortalecimento da democracia e uma sociedade mais informada e consciente de seus direitos e deveres.