Quem já teve uma enxaqueca – hoje, 12 de setembro, é Dia Europeu da Ação Contra a Enxaqueca – sabe que é um tipo de doença neurológica caracterizada por dor de cabeça, geralmente pulsátil ou latejante, de intensidade moderada a severa, que pode afetar um ou ambos os lados da cabeça. Frequentemente, associa-se a outros sintomas, como náuseas, vómitos e intolerância ou hipersensibilidade à luz, ao ruído, ou aos odores. Pode ser agravada pela atividade física, tornando-se incapacitante e diminuindo consideravelmente a qualidade de vida do doente – a enxaqueca é, aliás, considerada a segunda maior causa de anos vividos com incapacidade.
As crises de enxaqueca podem ser desencadeadas por falta de sono, as mudanças no clima, o jejum prolongado, certos alimentos e bebidas, como o vinho tinto, uma ingestão insuficiente de água, o stress ou o excesso de estimulação dos sentidos, como luzes intermitentes ou odores fortes. Estes estímulos variam de pessoa para pessoa.
Estas crises ocorrem, geralmente, em pessoas com um sistema nervoso que é mais sensível. As células nervosas estimuladas produzem atividade elétrica, que se espalha pelo cérebro. À medida que se espalha, algumas funções como a visão, a fala ou o equilíbrio podem ficar transitoriamente alteradas, constituindo as chamadas “auras”.
Em termos médicos, quando o quinto nervo craniano – ou trigémeo – é estimulado, liberta substâncias que causam inflamação dolorosa dos vasos sanguíneos cerebrais e das camadas que protegem o cérebro, as meninges. Esta inflamação é responsável pela dor latejante e pelos restantes sintomas que a acompanham.
Mas, afinal, quando é que uma pessoa que sofre de enxaqueca deve consultar o médico? Sempre que a dor está presente mais de 15 dias por mês, ou se torna muito incapacitante, é fundamental procurar ajuda médica. O início precoce do tratamento contra a enxaqueca melhora a evolução da doença. Além disso, deve ser evitada a automedicação e o abuso de analgésicos.
É importante tratar os sintomas no início e prevenir, na medida do possível, o seu aparecimento, evitando-se os fatores que os desencadeiam. Os hábitos de sono e de alimentação saudáveis, assim como o controlo do stress, constituem as primeiras medidas a tomar.
Nos últimos anos, apareceram novos fármacos para o tratamento agudo e para a prevenção, eficazes no controlo da dor, com menos efeitos secundários, e que melhoram a qualidade de vida dos doentes. Os efeitos benéficos a longo prazo e a segurança destes tratamentos abrem oportunidades de mudança significativa perante a ameaça da enxaqueca.
Concluindo, fique com os 10 mandamentos básicos para controlar a enxaqueca:
- Ter um diagnóstico correto de enxaqueca, realizado pelo seu médico.
- Definir, em conjunto com o médico, um tratamento sintomático personalizado.
- Dispor de informação, educação e treino adequados para gerir o tratamento.
- Iniciar o tratamento sintomático assim que surgirem os primeiros sinais.
- Criação de um diário de cefaleias, com registo de cada episódio, data, intensidade, duração e repercussão na qualidade de vida.
- Reconhecer e evitar os fatores desencadeantes da enxaqueca.
- Adotar hábitos de vida saudáveis: controlar o stress, praticar exercício físico moderado, ingerir dois a três litros de água por dia, evitar o álcool e o tabaco.
- Evitar o consumo abusivo de analgésicos.
- Se a frequência e a intensidade das dores aumentar, deverá consultar o seu médico.
- Esclarecer com o seu médico todas as dúvidas que tiver.