No início desta legislatura houve um impasse sobre quem deveria ser o Presidente da Assembleia da República. Este impasse criado por, segundo o Chega, uma suposta quebra de acordo, que nunca existiu, entre este e Aliança Democrática, veio provar que este tema devia fazer parte do Regimento da Assembleia. Se assim, fosse acabava-se de vez com estes tristes episódios, que em nada beneficiam ou dignificam a democracia em Portugal.

Neste momento, existe um entendimento, diria que tácito, embora nem sempre seja cumprido, entre todos  os partidos de que o Partido mais votado indica o Presidente da Assembleia da República e um Vice Presidente, cabendo os outros três vice-Presidente aos três partidos mais votado imediatamente a seguir ao que ganhou as eleições. Assim, este ano de 2024, caberia à AD-Aliança Democrática indicar o Presidente da Assembleia da República e um Vice-Presidente e viabilizar três vice Presidentes dos três partidos mais votados imediatamente a seguir: PS, Chega e IL. Ora, foi isto que o então Líder Parlamentar do PSD transmitiu a todos os partidos, sendo que, pelo que é dado a saber, nunca exisitiu um suposto acordo entre AD-Aliança Democrática  e Chega.

Este triste episódio fez com que, PSD e PS, tivessem que chegar a um entendimento para resolver o impasse da escolha do Presidente da AR, acordando assim dividir a legislatura a metade, ou seja, na primeira metade, ou dois primeiros anos, o Presidente seria indicado pelo PSD – José Aguiar Branco, na segunda metade, últimos dois anos, o Presidente seria indicado pelo PS e deveria ser Francisco Assis.

Sucede que, Francisco Assis, aparece agora como candidato do PS às eleições europeias, em número dois da lista, ou seja não só em lugar elegível como muito relevante. E isto só pode querer dizer uma de três coisas:

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1.º –  Ou Assis desistiu da ser Presidente da AR porque considera que Aguiar Branco está a fazer um bom trabalho e não se importa que este continue;

2.º –  ou o PS considera e já sabe à partida que esta legislatura não dura os 4 anos, preparando-se para deitar o governo abaixo antes de fazer os dois anos;

3.º –  ou o PS e Assis já sabiam que este último ia para o Parlamento Europeu e tudo isto foram jogos por parte do PS, e aqui não falo só do acordo, mas também pelo facto de Assis ter sido eleito deputado à Assembleia da República há menos de dois meses.

Aliás, é bom que se diga, os três primeiros nomes da lista do PS (inclusive a sua cabeça de lista) foram candidatos à Assembleia da República há menos de três meses sendo que dois deles encabeçaram listas, o que é mais grave: Assis pelo Porto; Ana Catarina Mendes por Setúbal e Marta Temido, embora não encabeçando nenhuma lista, foi o quarto nome indicado por Lisboa, portanto perfeitamente elegível e em lugar de destaque. Isto demonstra, à saciedade, o respeito que o Partido Socialista tem pelos Portugueses.

Mas o mais engraçado é que andamos todos a discutir a idade e a profissão do Sebastião Bugalho, como se tal quase que fosse um crime. Relembro e dando alguns exemplos que Adelino Amaro da Costa fundou o CDS aos 31 anos, Manuel Monteiro foi presidente deste Partido aos 30, Paulo Portas fundou o Independente aos 26 anos, Michal WoS foi Ministro do Ambiente da Polónia aos 29 anos, Mariana Mortágua foi eleita deputada pela primeira vez aos 27 anos, Francisco Loução foi eleito líder do PSR aos 31,  Jorge Moreira da Silva foi eleito eurodeputado aos 28 anos e secretário de Estado aos 32, a eurodeputada mais nova é dinamarquesa e tem 21 anos e  Lidia Pereira foi eleita para o Parlamento Europeu com 28 anos.

É ainda de salientar que existem deputados na Assembleia da República em Portugal com menos de 30 anos, tendo a mais nova 20. Para terminar esta lista de exemplos políticos, temos o Primeiro Ministro Francês que tem 34 anos.

No plano empresarial, Steve Jobs fundou a APPLE com 21 anos, Elon Musk vendeu uma das suas empresas aos 29 anos por 307 Milhões de dólares, Bill Gates fundou a Microsoft com 20 anos. No plano nacional e mais recentemente, Cristina Fonseca e Tiago Paiva ainda tinham menos de 30 anos quando fundaram a talkdesk, Miguel Santo Amaro tinha 23 anos quando criou a Uniplaces, e  temos uma Portuguesa que é vice presidente do Bank of America com apenas 29 anos. Isto apenas para citar alguns exemplos, no plano político e empresarial que demonstram que a idade nem sempre importa.

É bom também que se diga que Sebastião Bugalho, sendo novo,  tem o perfil certo para encabeçar esta lista e para ser um excelente eurodeputado, só quem nunca o viu em debates, em conferências, na televisão ou não leu os seus escritos é que pode não ter a percepção desta realidade.