Este é o lema do Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) para 2024. O  Dia Internacional do Enfermeiro celebra-se, em todo o mundo, a 12 maio e,  neste ano, pretende despertar para a necessidade de reconhecimento desta  profissão, demonstrando que isso pode trazer, incontestavelmente, benefícios  económicos e sociais.

Os enfermeiros respondem a desafios de saúde globais, não raras vezes com  grande risco pessoal e sem efetivo reconhecimento – a pandemia da Covid-19  foi um exemplo claro. São vitais para os sistemas de saúde e é indubitável a  sua responsabilidade na promoção da saúde de pessoas, famílias e  comunidades. É impensável uma sociedade sem enfermeiros: são a força  motriz da saúde das nações, ao contribuírem ativamente para comunidades  saudáveis e produtivas.

Dados do Eurostat mostram que Portugal é o país da Europa que envelhece  mais rápido, situando-se no topo da tabela dos países da União Europeia com  um maior número de pessoas com 65 e mais anos. Vive-se durante mais  tempo, mas com mais doenças e, face à recente perda de poder de compra, maior pobreza. Pobreza vem sempre aliada a doença. Esta realidade significa  mudanças outrora inimagináveis, que exigem soluções urgentes para responder às efetivas necessidades das pessoas – concretamente, das pessoas idosas e com doença crónica. É inegável que os enfermeiros têm de  ser chamados à organização dos cuidados verdadeiramente centrados no  cidadão, ainda limitada ao discurso político.

A sociedade “hospitalocêntrica”, onde o hospital avoca a maioria das respostas  em saúde, tem-se comprovado social e financeiramente insustentável. Urge  que os governos sejam responsáveis e se (pre)ocupem verdadeiramente com a  saúde das pessoas. Reconhecer o incalculável valor dos enfermeiros é um  passo fundamental desse processo: reconhecer a sua responsabilidade, o seu  conhecimento, as suas competências, o seu lugar. A sustentabilidade do  sistema de saúde de países envelhecidos depende disso!

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A Carta para a Mudança, divulgada pelo ICN, apela a que governos e  empregadores criem e mantenham sistemas de saúde seguros, fortes e  sustentáveis, que possibilitem proteger e investir no exercício da enfermagem e  que estejam de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e  com a Cobertura Universal de Saúde. Além disso, preconiza melhorar,  urgentemente, o apoio à saúde e ao bem-estar dos enfermeiros, assegurando  condições de trabalho seguras e saudáveis e promovendo estratégias de  recrutamento e retenção para fazer face à escassez destes profissionais,  garantindo salários justos e dignos, e ambientes de trabalho positivos.

O ICN destaca, também, a necessidade de desenvolver, aplicar e financiar  planos que permitam alcançar a autossuficiência na oferta de futuros  enfermeiros, investir em programas de ensino de elevada qualidade e  incrementar práticas de enfermagem avançadas e modelos de cuidados  liderados por enfermeiros, reconhecendo e valorizando os seus atributos e competências. Por último, mas não menos importante, recomenda o  envolvimento ativo e significativo das associações nacionais de enfermagem,  de forma a proteger as populações vulneráveis, e a defender e respeitar os  direitos humanos, a equidade de género e a justiça social.

Para tal, importa nomear enfermeiros para cargos executivos em todas as  organizações de cuidados de saúde e incluí-los na elaboração de políticas  públicas e governamentais. Só deste modo poderemos lograr sistemas de  saúde seguros, económicos, acessíveis e reativos, que façam com que os  enfermeiros passem de invisíveis a inestimáveis.

Assim, neste Dia Internacional do Enfermeiro, reflita-se sobre a necessidade de valorizar, proteger, respeitar e investir nos enfermeiros, garantindo, como apela  o ICN, um futuro sustentável para a enfermagem e, consequentemente, para  os cuidados de saúde.