A CP esteve em greve. E os médicos também. E a seguir estarão os professores, depois os trabalhadores do Metro e depois os da Carris. Também não faltarão os da Transtejo e a seguir os enfermeiros.
E é esta a nossa vida. Somos reféns dos funcionários públicos que, não podendo ser despedidos, fazem da sua vida profissional o que bem querem. Reclamam melhores ordenados – sabendo-se que o valor médio de remuneração do sector público é superior ao do privado, nem me vou focar neste ponto.
Todos gostaríamos de ter uma melhor remuneração. O problema é que, premissa base, temos de fazer por isso – e fazer por isso é, procurar alternativas. O que pode então fazer?
Uma opção – ser mais produtivo. Perceber que para a empresa lhe pagar X (valor que lhe cai na conta à ordem, faça o que fizer), tem de produzir o equivalente a X+Y+Z, sendo Y a enorme fatia de impostos que segue direitinha para os bolsos do Estado e Z, a remuneração de quem investiu e arriscou para que possa receber esse X. O problema é que este raciocínio não se coloca aos funcionários públicos não é? Sentem-se “parte do sistema” e “intocáveis”, que, aparentemente, o são, de facto.
Outra, é mudar de empresa. Se considera – e seguramente bem em muitos casos – que maximiza a sua capacidade produtiva, que cumpre com competência e níveis de excelência o que lhe é pedido, que não pode fazer mais – mude de empresa. É que o Estado não pode despedir – e gostava de perceber o porquê desta impossibilidade, até porque o número de funcionários públicos está sempre a aumentar, apesar de nada se traduzir, antes pelo contrário, no bom funcionamento dos serviços – mas o colaborador pode! Espero não estar a dar uma novidade! Se está constantemente insatisfeito com a sua entidade patronal – o Estado – despeça-se e mude-se para o privado.
Outra ainda – confesso que a minha preferida – é tornar-se empresário – o espaço ideal para compreender da forma mais assertiva e definitiva, o que representa a carga fiscal em Portugal. O que representa arriscar, investir, dar emprego e receber a toda a hora, provavelmente do seu contabilista, que também teve de contratar, guias de impostos para pagar. É o IRS dos colaboradores, a SS dos colaboradores, o IRC da empresa, a tributação autónoma (sim, que neste país pagam-se impostos sobre custos da empresa – hilariante se não fosse trágico), a derrama, … é um rol difícil de compreender. E de aceitar claro, por isso é que o investimento foge de Portugal.
O que não pode?
É fazer greve a toda a hora – que penaliza os que querem trabalhar, tipicamente no privado, onde nunca oiço falar em greves. Já ouvi de facto, mas naquelas empresas que entram em dificuldades e então apelam à intervenção do Estado “para não se perderem postos de trabalho”. Os sindicalistas ou representantes dos trabalhadores costumam chamar-lhes “estratégicas”. Claro que se essas empresas já estavam em dificuldades, com o Estado lá dentro, só vão adiar o fecho mas assim com muito maior custo para o país e os envolvidos. Mais uma vez os tontos do costume, a pagar, os espertos do costume, a “empochar” e os que pensam em investir, a fugir deste país.
Atenção que estou convencida que há gente muito competente e trabalhadora no Estado. São é uma minoria. Sou também de opinião que determinadas classes profissionais deviam ser muito melhor pagas. Mas por (e para) isso, despeçam-se os que não acrescentam, tripliquem os ordenados dos que de facto trabalham e merecem, pela responsabilidade que têm e os riscos que correm, e ainda “sobra” para reduzir a carga fiscal.
Ao invés, acredito que os portugueses, desenvolveram Síndrome de Estocolmo. Alimentam, com votos e impostos, o seu raptor, o Estado, grande e gordo, sem qualquer indício de querer fazer dieta ou colocar mesmo uma banda gástrica que o force a comer menos.
Ah … e no Estado existe também algo muito curioso que são os direitos adquiridos e as carreiras garantidas. Direitos adquiridos? Isso temos todos quando nascemos, tal como deveres, ou não? Eu que nunca trabalhei para o Estado, peço ajuda – o que é isto das carreiras garantidas? Uma nulidade trabalha por exemplo, 30 anos e por isso a matemática passa a ter um resultado positivo quando multiplicamos 30 por zero? Ao longo desses 30 anos existem vários produtos com resultado positivo quando um dos valores é nulo?
Se isto não corresponde ao Síndrome de Estocolmo, não sei o que melhor corresponde.
Continuemos então a votar mas deixemos de chamar país a este circo.