A educação regressou ao topo das prioridades políticas da União Europeia. E com razão: a educação é fundamental para que a nossa economia continue a ser competitiva, e tem uma importância crítica na construção de uma sociedade coesa e justa. Atualmente, a centralidade da educação é amplamente reconhecida. Regozijo-me por isso, bem como por termos tudo preparado para levarmos a cooperação europeia neste domínio a um novo patamar.

Juntamente com os Estados-Membros, a Comissão Europeia criou bases sólidas para um verdadeiro Espaço Europeu da Educação: a promoção da aprendizagem no estrangeiro e o reforço de competências essenciais (como o empreendedorismo e as competências digitais, o fomento do reconhecimento mútuo de diplomas, a aprendizagem de línguas estrangeiras e a educação pré-escolar e as estruturas de acolhimento para a primeira infância), bem como o fortalecimento dos valores comuns e da inclusão. A nova iniciativa Universidades Europeias já está a criar novas oportunidades para estudantes e instituições de ensino superior.

Um projeto tão ambicioso como o Espaço Europeu da Educação necessita de um financiamento adequado. É por esta razão que a Comissão propôs duplicar o orçamento do programa Erasmus no próximo orçamento de longo prazo da UE para 2021-2027, de forma a que muitas mais pessoas possam beneficiar dele.

O Espaço Europeu da Educação é o salto em frente que a UE precisa de dar para fazer face aos desafios do século XXI, criar oportunidades para todos e tirar o máximo partido do seu trunfo mais valioso: o talento dos seus cidadãos. Orgulho-me de ter contribuído para a sua criação.

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Contudo, o êxito desde Espaço Europeu da Educação depende particularmente de um fator, que é muitas vezes ignorado: os professores, a sua motivação e a imagem que têm de si próprios. Sem professores respeitados e seguros de si, o Espaço Europeu da Educação não produzirá os resultados que esperamos. Temos de saber como os professores se sentem e do que precisam para podermos tomar medidas eficazes para confrontar os desafios que eles têm pela frente.

Teremos um bom guia para tal na edição de 2019 do Monitor da Educação e da Formação, que irei apresentar e debater na Segunda Cimeira Europeia da Educação, em Bruxelas, em 26 de setembro. Isto porque a edição deste ano desta publicação emblemática da UE, que fornece uma panorâmica do estado da educação nos Estados-Membros, é dedicada à profissão docente. O Monitor incorpora e analisa os resultados do Inquérito Internacional da OCDE sobre Ensino e Aprendizagem, apresentando conclusões valiosas sobre as formas como os professores avaliam a sua situação atual e como veem o seu futuro.

Acima de tudo, o Monitor mostra que os professores querem mais e melhor formação para encarar os desafios sociais e tecnológicos que se lhes deparam. Um desses desafios é tirar o máximo partido das novas tecnologias, tendo simultaneamente consciência dos seus efeitos nocivos. Outro é como lidar com as dificuldades de dar aulas a turmas culturalmente diversificadas. Em segundo lugar, os professores querem que o seu trabalho seja reconhecido. De acordo com o inquérito, apenas 18 % consideram que a sua profissão é valorizada pelo resto da sociedade. Para além dos salários, que continuam a ser baixos em termos gerais, aumentar o prestígio e a autoridade dos professores é um imperativo, não é uma opção. O Monitor também assinala a escassez de professores em vários Estados-Membros, especialmente em disciplinas relacionadas com as ciências, a tecnologia, a engenharia e a matemática. Além disso, aborda outras questões sociais prementes. No futuro, quantos professores serão necessários, para ensinar quantos alunos? Trata-se de uma questão que os decisores políticos têm de abordar, especialmente no contexto das nossas sociedades em envelhecimento e da desertificação das zonas rurais.

Há oito anos que o Monitor da Educação e da Formação desempenha um papel significativo na reforma do ensino em todos os Estados-Membros. A nova edição tem uma mensagem clara: os professores seguros de si e respeitados são uma premissa necessária para reformas ambiciosas. É nosso dever torná-los numa pedra angular do Espaço Europeu da Educação.

Comissário europeu da Educação, Cultura, Juventude e Desporto