O ressurgimento do Cristianismo está em curso na Albânia, como revelou o censo de 2023, ao indicar que, pela primeira vez em séculos, a população muçulmana na Albânia caiu para menos de 50%!

Um resumo do Cristianismo neste país atribulado é um requisito para entender a sua força magnética entre os habitantes. Para este efeito, citamos o Christopher Dawson que redigiu: “O nosso interesse pela cultura cristã do passado nunca pode ser apenas histórico ou literário. É relevante para o problema da cultura cristã de hoje, apesar das imensas mudanças que transformaram o mundo moderno”.

A romanização chegou aos Balcãs, embora nunca tenha se enraizado profundamente na Albânia, então conhecida como Ilíria. Foi São Paulo quem introduziu o Cristianismo na região, escrevendo com alegria: “Por toda a parte da Ilíria, eu anunciei plenamente o Evangelho de Cristo”. Durante séculos, os habitantes permaneceram fiéis aos preceitos de Cristo.

No final do século XIV, as incursões otomanas interromperam a paz. A derrota dos sérvios na Batalha de Kosovo e a perda de Veliko Tarnovo representaram um golpe pesado para o Cristianismo. A Albânia caiu rapidamente também, mas muitos senhores feudais mantiveram os seus privilégios pagando tributo aos turcos: os seus descendentes. Muitos foram feitos reféns, separados de suas famílias. O clã Kastriota não foi exceção, embora um membro desse clã desempenharia um papel decisivo nos destinos da nação.

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Gjergj Kastriota era o nome cristão de um príncipe local do Norte da Albânia, mais conhecido como Skanderbeg, homenageando Alexandre o Grande, que era da Macedónia e da Ilíria. Educado nas formas de vida islâmica e na arte da guerra na corte de Sultan Murad II, Gjergji ascendeu nas fileiras e tornou-se um comandante militar de topo. Ataques ao seu clã o levaram a reunir suas tropas e desertar dos turcos, erguendo a bandeira do clã Kastriota, composta por vermelho com uma águia negra no centro – a bandeira atual da Albânia – e libertando Krujë antes de se converter à fé católica de sua juventude.

Apesar das queixas territoriais com os venezianos, um tratado de 1448 garantiu o apoio destes contra a agressão otomana. O Papa Pio II também estendeu a sua mão aos albaneses revoltosos. Skanderbeg faleceu em 1468, mas os seus compatriotas lutaram bravamente até 1501, quando Durrës finalmente sucumbiu aos turcos. Como um testemunho da habilidade de combate dos albaneses e seu temperamento corajoso, eles resistiram enquanto Constantinopla, o Despotado Sérvio, o Peloponeso e a Bósnia foram todos subjugados.

Chefes tribais estavam sujeitos à suserania turca, especialmente em tempos de guerra, mas a presença católica de Mirdita permaneceu forte no Norte (habitado pelos Tosks), conservando a sua autonomia e rebelando-se contra as autoridades otomanas, enquanto a Igreja Oriental helenizada estava situada no Sul (Ghegs).

A islamização ocorreu a partir do século XVII, o único fenómeno desse tipo ocorrido na Europa. O que se seguiu foi uma estagnação social e económica, embora em retrospectiva também uma preservação do mundo antigo, inextricavelmente ligado ao medievalismo, um ponto alto culturalmente falando. Foram os católicos, contra todas as probabilidades, que mantiveram a língua albanesa viva. Gjon Buzuku publicou a primeira obra impressa em albanês em 1555 – Meshari, um livro de orações. O dicionário latino-albanês foi composto em 1635 por Frang Bardhi. E foram os franciscanos que fundaram escolas no Norte. Seus feitos são dignos de louvor, todos realizados sem ajuda governamental. Uma ordem espontânea (como ensinou o Hayek) que atendia às demandas culturais da população.

O século XX foi um século sombrio. Um principado falido (brevemente governado pelo Príncipe Wilhelm de Wied, o único soberano ou mbret “albanês” de origem protestante) e numerosos conflitos culminando com a tomada comunista por Enver Hoxha em 1944, comprometido com a introdução de “medidas para revolucionar o Partido e a vida” ao erradicar a religião e emancipar as mulheres da “primitividade” da vida doméstica albanesa. Locais de culto foram fechados, tornando-se, na teoria, o estado ateu mais proeminente da Terra de Deus.

No entanto, peregrinações secretas escaparam dos olhos do Big Brother, ritos religiosos foram realizados, a Páscoa e o Natal foram celebrados neste canto do Mar Adriático, o Tibete da Europa. Foi a fé católica que ficou mais sujeita aos ataques verbais por parte do Hoxha, proclamando-a a ideologia do “invasor italiano, imperialismo austríaco e fascismo italiano”. Ora bem, além do analfabetismo propositadamente promovido pelos líderes esquerdistas, qualquer matriz materialista falhará em acalmar a angústia do potencial individual, pontificar-se numa estrutura filosoficamente instável. No entanto, a queda do comunismo testemunhou um rejuvenescimento na crença em Deus.

O Cristianismo não é um resíduo do passado, e apesar das tentativas de eliminá-lo ao longo da história (na atualidade, policiado pela tirania do politicamente correto), é uma substância eterna e viva (Corpus Christi). Nunca poderá ser destruído.

A Albânia, que fez uma cruzada contra o Islão no século XV, mais uma vez dará o exemplo de proteção da Europa contra as hordas do Oriente. Uma história de resiliência que demonstra que a Cruz de Cristo resiste à força da barbárie. O Islão, não hostil à democracia e ao comunismo, finalmente fechará as portas em algumas décadas. Desde que o mundo cristão permaneça firme nas suas resoluções, estimulado a preservar e enriquecer o seu património, essa ameaça civilizacional se dissipará.

Assim como o Rei Kleitos contra Macedónia, as guerras de independência, o povo contra Enver Hoxha, os albaneses prezam e nutrem por um futuro mais brilhante, nos seus próprios termos. Apenas um florescimento da fé e da moral, complementado pelo bem-estar geral prescrito pelo capitalismo de mercado, pode proporcionar a sua continuação.