Pedro Nuno Santos tem hoje, em teoria, duas hipóteses alternativas que decidirão o seu futuro político.

Ou aprova o orçamento e adia as eleições para mais tarde, solução que o aflige pois permitirá ao governo consolidar o seu crescimento na confiança da opinião pública – que, apesar de ainda não se afirmar sua eleitora, já se manifesta bem impressionada com a sua postura ao longo destes primeiros meses de governo -, ou chumba o orçamento e leva o país a novas eleições, com a consciência clara de que, sempre que isso ocorreu, o responsável pela queda do governo acaba sempre por ser o perdedor das eleições.

Assim, Pedro Nuno Santos está condenado em qualquer das situações.

E tudo isto porque, seja pelo seu feitio, pela sua pouca preparação, ou pela forma fácil como lhe daria o acesso ao poder, Pedro Nuno Santos, optou por se transformar num radical dentro do Partido Socialista, sempre visto como uma ponte com os partidos radicais de esquerda e sempre olhado com desconfiança pelos sectores mais moderados.

Ora, em Portugal, por enquanto, nenhum partido pode pretender ganhar as eleições sem chegar ao coração da franja central dos votantes, que acabam sempre por ser os decisores de todas as eleições, no que toca a escolher o partido mais votado.

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E se Pedro Nuno Santos não o conseguiu, no momento em que a direita mais sofreu da entrada no jogo político de uma força que atraiu uma população imensa dos seus tradicionais eleitores – que se quiseram manifestar em força contra uma governança de esquerda que consideram ter sido a responsável pela destruição de um crescimento económico e social da sociedade portuguesa -, muito menos probabilidades virá a ter em qualquer dos momentos em que venha a concorrer a novas eleições.

É exatamente por estar muito consciente disto que temos assistido a uma verdadeira novela de representação por parte deste dirigente socialista que, se por um lado quer dar a imagem de estar disponível para negociar a aprovação ao orçamento, por outro lado está sempre a manter a sua possibilidade de levar o país a eleições, tentando não ficar com o ónus da sua responsabilidade.

Em cima destas duas posições está ainda a terceira, a que mais o irá trair ao longo dos próximos tempos, e que é a enorme dificuldade que Pedro Nuno Santos de decidir qual é verdadeiramente a melhor decisão entre estas duas possibilidades que lhe permitirá ainda ter uma réstia de esperança de um dia poder ver a governar Portugal.

É que, se a grande qualidade (duvidosa no mínimo) de que se gaba Pedro Nuno Santos, ter a capacidade de tudo decidir muito depressa – característica que se tem revelado trágica para os interesses de Portugal – quando toca ao seu próprio interesse e ao seu próprio futuro este líder socialista já não tem essa mesma capacidade de decisão.

É que uma coisa é decidir depressa aquilo que outros irão pagar outra coisa é decidir sobre a sua própria sobrevivência.

Mas é exatamente neste último caso que a sua capacidade de decisão seria mais importante para não se manter titubeante na imagem que está a transmitir ao eleitorado português, que diminui diariamente a sua confiança em quem não se mostra decidido e em quem não se afirma defensor das suas convicções.

Por tudo isto, paz à sua alma – política, claro está.