A pneumonia é a segunda causa de morte devido a doença respiratória na Europa, apenas suplantada pelo cancro do pulmão. E é a principal causa de morte prevenível através da vacinação.
Apesar de bem conhecida por todos, muitas vezes advindo esse conhecimento da própria experiência pessoal, de um ponto de vista teórico, a pneumonia consiste numa inflamação do parênquima pulmonar – da área do pulmão onde se dão as trocas gasosas, que ficam então comprometidas. O principal agente etiológico responsável pela pneumonia em Portugal é o Streptococcus pneumoniae (S. pneumoniae). É um agente bacteriano, apesar de outras classes microbiológicas poderem ser responsáveis pela pneumonia, como vemos, por exemplo, com a pneumonia viral por COVID-19. A incidência de pneumonia pneumocócica aumenta após os 65 anos e é também várias vezes superior em pessoas com doenças crónicas, particularmente com doenças respiratórias crónicas. Além disso, estima-se que pessoas com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) ou asma tenham um risco duas a seis vezes superior de contrair doença pneumocócica invasiva. Isto é, com invasão, pela bactéria, de partes do corpo geralmente livres de microrganismos, como a corrente sanguínea (bacteremia) ou os fluídos que rodeiam o cérebro e medula espinhal (meningite). As pessoas com estas patologias podem reunir algumas características adversas (maior inflamação sistémica e respiratória; compromisso dos mecanismos de “limpeza” mucociliar da via aérea; entre outras), que as tornam especialmente vulneráveis a infeções virais e bacterianas, que, por sua vez, são as principais causas de exacerbações, hospitalizações e agravamento da doença de base.
As consequências de uma pneumonia podem ultrapassar o sistema respiratório. A inflamação sistémica que se gera pode contribuir para a instabilidade cardiovascular e levar a eventos como o enfarte agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral. Por tudo isto, a vacinação adequada e atempada contra o S. pneumoniae é uma estratégia essencial. A vacina protege das formas mais agressivas da doença devendo, por isso, ser administrada a quem apresenta maior risco, como os idosos, os que vivem em lares ou noutras instituições, os que têm doenças crónicas, os que estão sujeitos a tratamentos que debilitam as suas defesas, os prestadores de cuidados de saúde e a todos os que convivem com pessoas em risco (de acordo com as normas em vigor da Direção Geral de Saúde- DGS).
Em Portugal estão atualmente comercializadas 4 vacinas contra o S. pneumoniae. São todas injetáveis e constituídas por fragmentos de vários tipos de Pneumococos responsáveis pela maioria das infeções mais graves provocadas por esta bactéria.
A pneumonia representa assim um risco significativo para a comunidade em geral e em particular para quem possa sofrer de doenças respiratórias crónicas, cujos efeitos adversos transcendem o sistema respiratório. É importante que todos nós, tanto enquanto doentes, como enquanto prestadores de cuidados de saúde, sejamos diligentes em lembrar a vacinação como medida preventiva essencial.