Dizem alguns que Ano Novo significa vida nova. No entanto, já em pleno de Janeiro, parece que pouco mudou neste nosso Portugal…
As mais modernas teorias da física quântica dizem que o tempo não possui as características que hoje lhe reconhecemos. Em vez de uma sucessão de eventos, há quem defenda que o tempo não tem propriamente um princípio e um fim, é cíclico e os eventos repetem-se eternamente em circunstâncias diferentes.
Já com o dealbar da Primavera no horizonte, e com o País a viver a antecipação de um tempo de mudança com as Eleições Legislativas de Março, a verdade é que o horizonte ainda surge repleto de muita neblina, impossibilitando que vejamos já os contornos do Portugal diferente e renovado que todos desejamos.
Para abrir 2024 os portugueses foram brindados com uma greve das Infraestruturas de Portugal. Porquê? Ninguém sabe bem, porque desde a decisão do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa de dissolver o Parlamento, que temos um Governo em gestão, ou seja, um governo impossibilitado de fazer mais para além da gestão corrente das tarefas de Estado. A greve de Ano Novo, prejudica unicamente os utentes dos transportes públicos, sendo certo que dela não resultará nenhuma espécie de benefício para os grevistas e muito menos para o País.
Depois, com as eleições de Março que se aproximam velozmente, todos os dias temos novas sondagens que, para maior das surpresas, todos os dias apresentam uma percentagem maior de diferença entre o Partido Socialista e o segundo partido mais votado, Partido Social Democrata. Sabendo de antemão o que são as sondagens neste Mundo novo em que agora vivemos, cruzando os erros colossais dos últimos actos eleitorais com as perspectivas do que seria expectável sentirmos junto da sociedade portuguesa, facilmente se percebe que elas servem basicamente para condicionar a opinião pública em determinado sentido durante estes tempos de campanha. Tememos assim sequer interpretar o que estas projecções nos parecem fazer crer…
A demissão do Primeiro António Costa parecia determinar um rumo diferente para Portugal, encerrando um ciclo de oito anos de polémicas, trapalhices e casinhos diversos. Mas afinal parece que foi só uma ilusão requintada de curta duração que causou prejuízos graves aos portugueses e a Portugal. Até porque a eleição de um novo secretário-geral socialista parece ter servido para uma rápida limpeza das agruras destes últimos anos, como se a reciclagem de uma cara e de um nome profundamente ligado aos problemas mais graves que afectaram os últimos governos fossem suficientes para impor uma nova ordem aos País que ainda temos.
Além disso, a abrir o ano presidencial, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou-nos um discurso ambíguo e nada pragmático, assumindo uma posição de neutralidade estratégica que resvala, aqui e ali, para um registo de apoio velado a tudo o que de mal este governo fez. Neste 2024, crucial para a recuperação de Portugal, os Portugueses precisam e exigem um Presidente com capacidade (e coragem) para enfrentar de forma sólida os imensos desafios com que nos debatemos actualmente. Porque é ele o fiel da balança e dele depende a decisão de mudar o que está errado ou de manter tudo absolutamente na mesma.
O próximo mês de Março traz uma oportunidade enorme e, tal como a água não passa duas vezes debaixo da mesma ponte, também esta oportunidade não se repete muitas vezes. O tempo de desafio que aí vem é igualmente tempo de esperança e de oportunidades. Até porque Portugal precisa de um esforço hercúleo de reconstrução política, económica, cultural e social quando deixarem de se fazer sentir os efeitos nocivos deste flagelo que nos fustiga.
Por tudo isto, a pergunta que fica neste arranque de um novo ano só pode ser uma: para onde vais, Portugal? Se esta mudança de ano, tão significante para o País, parece ter descambado num imenso cenário de marasmo reflectindo a desilusão transversal dos portugueses!
Dirão alguns que ainda é cedo para fazer um prognóstico tão drástico quanto este, no entanto é fundamental ponderarmos já o que vamos e como vamos fazer. Porque faltam somente três meses…