Vivemos num mundo de desafios globais sem precedentes, onde alterações climáticas, escassez de recursos naturais e pressões económicas estão a redefinir as prioridades dos países. A agricultura e as pescas emergem como pilares estratégicos para assegurar a segurança alimentar e promover o desenvolvimento sustentável. Portugal, com recursos naturais únicos e uma localização privilegiada, tem a oportunidade de liderar transformações essenciais nestes setores, contribuindo com soluções que beneficiem tanto o país como o panorama global.
Com uma vasta costa atlântica, terras agrícolas férteis e recursos florestais diversificados, Portugal dispõe de condições ímpares para se destacar. Em 2023, o setor agrícola cresceu 14,6% em valor, liderando a União Europeia (AICEP, 15 de Nov. 2024). Nas pescas e aquacultura, o programa MAR 2020 já investiu mais de €796 milhões em projetos de cerca de 3.500 empresas, promovendo inovação e sustentabilidade. O MAR 2030, com uma dotação de €540 milhões até 2027, continuará a modernizar o setor, reforçando a competitividade nacional e a transição para uma economia azul sustentável.
Apesar desses avanços, desafios como as exigências do Green Deal e da estratégia Farm to Fork, que impõem uma redução de 50% no uso de pesticidas e 20% nos fertilizantes até 2030, dificultam a competição com produtos de geografias menos rigorosas. Responder a esses desafios exige inovação, políticas justas e capacitação dos produtores. Investimentos em tecnologias como agricultura de precisão e blockchain podem aumentar a eficiência e a rastreabilidade, enquanto práticas regenerativas e diversificação de culturas fortalecem a resiliência agrícola. Subsídios direcionados e certificações como o GlobalGAP podem abrir mercados premium, valorizando os produtos portugueses.
Nas pescas, certificações como as do Marine Stewardship Council (MSC) e colaborações com o Global Sustainable Seafood Initiative (GSSI) podem abrir mercados de maior valor e reforçar a competitividade internacional. Ferramentas digitais para aconselhamento de agricultores e pescadores mostram como a tecnologia pode transformar os setores produtivos. Já investimentos em biorefinarias marítimas poderão consolidar Portugal como líder na bioeconomia, produzindo materiais de elevado valor de forma sustentável.
Estima-se que estas iniciativas possam gerar um crescimento de 0,5% no emprego nacional, com a criação de 25.000 novos postos de trabalho diretos, e um aumento de 1% no PIB, resultando em €3,65 mil milhões de impacto económico. Este potencial reflete ganhos em produtividade, maior acesso a mercados premium e avanços tecnológicos, fortalecendo a competitividade nacional e promovendo um crescimento económico inclusivo e sustentável.
Para concretizar este potencial, é essencial garantir coordenação estratégica e investimentos robustos. O Centro de Competência Agroalimentar, Floresta, Pesca & Aquacultura, do Conselho da Diáspora Portuguesa, desempenha um papel crucial ao promover soluções inovadoras e facilitar a partilha de conhecimento global, conectando recursos locais com expertise internacional.
O Euro-Americas Forum 2024, sob o tema “Crafting the Future Across the Atlantic”, será uma plataforma fundamental para discutir o futuro do agronegócio e das pescas. A sessão “THE FUTURE OF AGRIBUSINESS & FISHERIES: Euro-American Partnerships and Innovations” reunirá líderes, decisores e inovadores para explorar tecnologias como robótica, inteligência artificial e blockchain, além de soluções sustentáveis em áreas como agricultura, bioeconomia, agrofloresta e economia azul.
O futuro está na cooperação. O Euro-Americas Forum será um passo decisivo nessa direção, fomentando parcerias capazes de transformar não apenas o setor, mas também a economia e as comunidades de forma abrangente.