“A emergência climática é uma corrida que estamos a perder mas que ainda podemos ganhar”, defendeu, há tempos, António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas. E nesta corrida repleta de obstáculos, nenhum de nós pode optar por ficar nas bancadas a assistir, ainda que muitos continuem a preferir a posição de conforto. Mas o tempo das questões, das dúvidas e das sugestões há muito que deu lugar ao da ação, que é a única forma de chegarmos vitoriosos à meta.

A verdade é que o problema ambiental já deixou de ser um exclusivo de apenas alguns, conhecidos durante muito tempo como arautos de uma desgraça que, apesar de anunciada, parecia sempre suficientemente distante para ser rejeitada. Mas o seu impacto, real e abrangente, exige agora mais. Afinal, as alterações climáticas afetam os alimentos que comemos, o ar que respiramos, a água que bebemos e os locais que nos servem de abrigo. E mais, as alterações climáticas podem afetar a saúde e o bem-estar das pessoas, alterando a frequência ou a intensidade de fenómenos meteorológicos extremos e a propagação de certas pragas e doenças.

Hoje, há números que confirmam as preocupações, como os 14 milhões de pessoas que morrem, todos os anos, na sequência de riscos ambientais, entre os quais sete milhões devidos apenas à poluição do ar. Ou os cinco milhões que perdem a vida na sequência das temperaturas extremas, número que se prevê venha a triplicar até 2050. No que diz respeito às doenças, as mudanças no clima estão a levar cada vez mais gente aos hospitais, sobretudo os mais vulneráveis, sejam estes as crianças ou idosos, doentes crónicos ou pessoas de comunidades marginalizadas.

E não são apenas as alterações climáticas a contribuir para os problemas de saúde, mas as doenças a impactar também as mudanças no clima, numa espécie de círculo vicioso que precisa urgentemente de ser quebrado. Na Europa, os números mostram que 50 milhões de pessoas vivem com mais do que uma doença crónica, o que gera custos para os serviços de saúde e resulta numa pegada ambiental que não se pode negligenciar – só a hemodiálise, tratamento da doença renal crónica em fase terminal, requer 160 mil milhões de litros de água por ano e gera qualquer coisa como 900 mil toneladas de resíduos de plástico.

Nesta corrida, que é também uma corrida contra o tempo, temos de agir em várias frentes: temos de prevenir a doença, que é uma forma de evitar custos e reduzir uma pegada ambiental com impacto significativo; temos também de olhar para o setor da saúde como um dos agentes desta crise climática e procurar reduzir o seu impacto (sabemos que é responsável por 5% das emissões globais de gases com efeito de estufa); temos de usar a inovação para chegar a soluções ambientais que nos permitam melhorar a saúde de todos. E, mais ainda, temos de ter a noção que os desafios que o futuro nos coloca vão tornar a palavra resiliência ainda mais determinante: precisamos de sistemas de saúde resilientes, capazes de enfrentar os desafios que sabemos que estão ao virar da esquina.

Para isso, é preciso planear e executar medidas, como as propostas pela Parceria para a Sustentabilidade e Resiliência dos Sistemas de Saúde (PHSSR), uma iniciativa na qual a AstraZeneca está envolvida e que pode ajudar a fomentar esta tão necessária resiliência. E é preciso, de uma vez por todas, aceitar a saúde como um conceito único, que inclui a saúde humana e ambiental.

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