Desde os primórdios das sociedades que a segurança é um fator essencial e basilar. Mas será que temos de escolher entre Segurança e Qualidade de Vida?
Olhando ao panorama nacional, o nosso país apresenta algumas assimetrias na sua organização, que se podem refletir nos padrões de segurança que cada região apresenta. Desde logo, os principais centros de decisão encontram-se em Lisboa e Porto, com maior incidência para a primeira região, onde se encontra a sede de Governo, a título exemplificativo. Outra assimetria que se pode apontar é a diferença populacional entre interior e litoral, isto é, a maioria da população encontra-se deslocada para o litoral, onde a qualidade de vida aparenta ser melhor, em função de uma maior variedade de serviços e empregos, por exemplo.
No seu mais recente relatório sobre condições de vida, o INTEC abordada quatro variáveis que, de facto, se revelam interessantes para a temática da segurança e da sua relação com a qualidade de vida, sendo elas o número de habitantes por bombeiro, furtos em residências, crimes contra a integridade física e crimes registados pela polícia, por 1.000 habitantes. Em todas as variáveis, a linha apresenta-se idêntica. No que toca à temática dos crimes, a região interior apresenta uma menor taxa criminal face à região litoral, no entanto, também apresenta menor índice de bombeiros por habitante.
Estes resultados apresentam uma questão que pode ser interessante de se debater. Tendo em conta os indicadores apresentados, o interior apresenta-se como um local teoricamente mais seguro, visto que apresenta uma menor taxa de criminalidade face ao litoral. Isso poderá explicar-se pela menor densidade populacional, no entanto, não deixam de ser conclusões bastante interessantes.
Quererá isto dizer que a população, no presente das sociedades, opta por abdicar de um local seguro para obter outro tipo de parâmetros que lhe proporcionam uma maior taxa de qualidade de vida? Ou, por outro lado, os atuais parâmetros de segurança, e as diferenças que existem entre o interior e o litoral, não são suficientes para que a qualidade de vida percecionada no litoral seja afetada?
As sociedades, independentemente da sua estrutura organizacional, necessitam de se sentir em segurança para desenvolver a sua vida pessoal, para que toda a economia se possa desenvolver em conformidade. Em suma, uma sociedade insegura não se pode considerar uma sociedade. É, por isso, importante que os órgãos responsáveis por zelar por uma vida em sociedade sejam capazes de garantir que este pilar, a segurança, esteja devidamente assegurado para os seus cidadãos, porque tal também se reflete numa maior qualidade de vida.