Semanas de trabalho de 4 dias, a discussão que veio para ficar.
O mundo do trabalho está a sofrer uma revolução com uma magnitude similar à revolução industrial. Desta forma, importa discutir todas as nuances desta revolução que já está em marcha. Não pode haver uma atitude de desdém a falar deste tema, como se de uma mera moda se tratasse. É uma discussão válida e necessária. Estamos a viver a entrada da AI no mercado laboral e isso trará sem sombra de dúvidas alterações estruturais. Algumas profissões vão desaparecer outras irão nascer. Na senda desta revolução a discussão das semanas de quatro dias têm-se instalado e enchido manchetes.
Claro, que trabalhar menos dias é sedutor para qualquer trabalhador. Ganhar um dia útil de semana para “tratar de vida” é crucial. Relembro que muitos de nós passam o sábado a tratar da casa, da roupa, das compras, de levar o carro à oficina, de tratar do jardim, de deixar a ementa alinhada para a semana… Também há quem nada disso faça. Porém, há muito disso para fazer nas nossas vidas.
Ora, caso a semana passe a ter menos dias de trabalho ganhamos um dia e podemos eventualmente descansar, efetivamente, dois dias. Sucede é, que para termos 4 dias de trabalho, corremos o risco de ter de aumentar a carga horária laboral desses dias, podendo ter de passar a trabalhar 10 horas por dia. Será mesmo benéfico? Enterramo-nos 4 dias no trabalho para puder viver três? Com o advento do “contactável” seja por mail, WhatsApp irámos estar mesmo tranquilos nesses três dias?
Seria pertinente olhar para a possibilidade de ter jornadas horárias diárias mais curtas e trabalharmos na mesma os cinco dias. Talvez, consigamos um equilíbrio eficiente e eficaz para todos.
Mudar a mentalidade de que um bom trabalhador faz jornadas de trabalho longas só para provar um ponto…sendo que nessas jornadas há vários momentos de pura procrastinação laboral seria desde logo uma boa premissa. As jornadas de trabalhos deveriam ter horas produtivas e eficazes evitando estar no local de trabalho por largas horas sem sermos eficientes. Desta forma, conseguiríamos promover um equilíbrio diário entre a vida profissional e laboral.
Se a jornada laboral, habitualmente 8 horas, fosse reduzida para quatro horas, por exemplo, seria possível que num dia conseguíssemos a proeza de ter tempo de trabalho e tempo de qualidade com a família. Trabalhando no período da manhã ainda seria possível ter tempo para organizar a logística da casa e ir ao parque com os filhos sem os minutos contados. Até haveria tempo para fazer jantar elaborado.
Fica o desafio para a sociedade refletir.