De tempos a tempos surge, ou ressurge, na opinião pública, uma recorrente discussão sobre a Maçonaria, sobre a sua natureza e princípios e sobre a obrigatoriedade de declaração de pertença à Maçonaria.
Frequentemente, para não dizer quase sempre, tomando a parte pelo todo, desconsiderando e esquecendo a história, ocultando os bons exemplos e hiperbolizando os desvios.
A pretexto de uma necessidade de transparência que, amiúde, se transforma num voyeurismo doentio, ou, em “bom português”, na mais básica e abjeta coscuvilhice, pretendem criar-se regras que o mais elementar respeito pela liberdade de consciência não tolera.
Sempre entendi que o Maçon se deve assumir enquanto tal e sempre o fiz, incluindo quando, circunstancialmente, desempenhei funções públicas. Entendo mesmo, que quantos mais de entre nós o fizermos, mais prestigiada sairá a Maçonaria e maior respeitabilidade lhe será dada. Pelo exemplo cívico e ético dos seus membros, pelo sentido do bem comum que norteia a nossa ação e pela promoção e defesa da fraternidade entre os homens, independentemente das convicções políticas, religiosas ou filosóficas de cada ser humano.
Assumindo sempre, como recentemente afirmava um prestigiado Maçon: “A nossa condição essencial e intemporal é a de sermos Livres Pensadores.”
Esta clara afirmação talvez ilumine os espíritos daqueles que, para além de contarem com o suporte político, ou com o resultado do exercício do direito de voto, gostariam de franquear as portas da nossa consciência individual.
A este propósito, recorda-se que os regimes totalitários, TODOS, nunca permitiram a existência da Maçonaria, porque nunca permitiram o livre pensamento.
É sempre isto que está em causa, é a dimensão maior da liberdade – a liberdade de consciência e de pensamento.
Mas é também o percurso e a formação de cada um de nós.
A este propósito, e para reflexão de todos e memória futura, recordemos Fernando Valle: “Não nego que sou Maçon e devo à Maçonaria uma grande parte da minha formação do tipo solidário e fraterno. Porque a Maçonaria é exatamente isso: uma organização solidária e fraterna.”
Nota: A frase citada no título pertence a António Arnaut, ex-Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano.