A educação apresenta, há cerca de 20 anos, um ranking que estabelece, em função dos resultados das avaliações externas, posições para os vários estabelecimentos de ensino em Portugal, sejam eles públicos ou privados.
Observando a evolução destes rankings, durante o período mencionado anteriormente, constatamos uma realidade de privatização do ranking, ou seja, os lugares cimeiros são cada vez mais ocupados por instituições de ensino privadas, em detrimento das públicas.
Não há qualquer problema relativamente a esse aspeto, pois todos temos possibilidade de selecionar a escola que pretendemos para os nossos educandos, contudo, naturalmente que o acesso a instituições privadas está condicionado pela capacidade económica que possuímos.
Neste sentido, podemos também concluir que os rankings acabam por se associar a uma discriminação social, pois ocultam diferenças socioeconómicas e socioculturais nos estudantes, particularmente aqueles que estão envolvidos numa realidade espacial menos desenvolvida e com menor acesso a meios que os possam assistir no desenvolvimento das aprendizagens.
Por outro lado, o Ministério da Educação tem a obrigação de garantir que o acesso universal e gratuito à escolaridade mínima obrigatória deve ser propiciador da mobilidade social, ou seja, deve oferecer condições em todos os estabelecimentos de ensino para o desenvolvimento de uma educação de qualidade que possibilite a ascensão social.
Estas condições passam por um suporte de infraestruturas potenciador do trabalho do docente e do aluno, mas também por um fator motivacional para com os profissionais de ensino, procurando estimular a dinâmica que conferem às aulas e transmitir essa motivação para os seus próprios alunos.
Neste âmbito, o recente ranking apresenta um patamar, designado de equidade, onde pretende aferir o sucesso escolar, alunos que não reprovaram durante esse ciclo de ensino e tiveram sucesso no exame, e a equidade, percentagem de sucesso entre alunos com apoio social escolar relativamente à média nacional.
O problema? A falta de dados para aferir esta equidade. Porque as instituições públicas apresentam estas informações, contudo as instituições privadas não a divulgam. Facto que possivelmente estará associado, também, a apresentarem um número residual de alunos que possam estar incluídos nesta situação.
Destes rankings devemos retirar o seguinte: a posição que reportam não é linear. As diferenças de classificação podem representar vários aspetos diferenciados, que não apenas a qualidade do ensino desenvolvido.
As ideias que pretendo transmitir são que as instituições privadas são fundamentais, numa lógica de complementaridade em relação às instituições públicas, mas principalmente que não devemos descurar o ensino público e o esforço dos profissionais que trabalham diariamente nas escolas públicas pois, não obstante a desigualdade de condições, por vezes presente no contexto público/privado, todos os docentes procuram fazer sempre o melhor para os alunos, ensinar com motivação para estimular os estudantes e promover o seu sucesso, que num primeiro momento é escolar, mas num segundo momento será profissional e, neste âmbito, essencial para o dinamismo económico que se pretende para o país.
Acabo com uma máxima: a melhor escola será uma escola que não desiste dos seus alunos e do bem-estar deles. Uma escola que os vai valorizar e potenciar em termos de capacidade cognitiva, contudo ressalvar o seu desenvolvimento humano e o seu bem-estar mental.
Na educação, ser o melhor, não é estar no topo dos rankings. Ser o melhor, é formar pessoas de valor.