Hoje, somos uma sociedade em risco! Sim, somos uma sociedade em que cada trabalhador tem um risco, maior ou menor, de sofrer acidentes no trabalho e ficar incapacitado ou perecer.
Em 2013 a Organização Internacional do Trabalho apresentou números considerados assustadores: 2,34 milhões de pessoas morrem todos os anos devido a acidentes e doenças relacionadas com o trabalho. De entre as doenças mais comuns surgem as lesões músculo esqueléticas, que são responsáveis por elevados níveis de absentismo e graus de incapacidade na maioria dos 27 Estados-membros da União Europeia, assim como de mais de 10 % de todos os anos perdidos por invalidez. Em 2008 a Direção-Geral da Saúde identificou um total de 3173 casos por doença profissional em Portugal. Destes, a maioria foram provocados por agentes físicos, como radiações, ruídos, iluminação insuficiente, entre muitas outras causas.
Segundo a Agência Europeia Para a Segurança e Saúde no Trabalho, todas as profissões apresentam riscos, mas as mais afetadas são os trabalhadores agrícolas, pescadores, trabalhadores da construção civil, mineiros, operadores de máquinas, jornalistas, enfermeiros e motoristas. Todas estas profissões, assim como outras não nomeadas, têm um risco acrescido de desenvolver doenças graves e incapacitantes, como doenças músculo-esqueléticas, intoxicações, doenças infeciosas, doenças nervosas e respiratórias e cancro. Algumas poderão mesmo implicar o risco de morte, dada a elevada perigosidade que lhe está associada.
Mesmo reconhecendo que todas as profissões comportam um grau de risco associado, não se compreende, pois, o desprezo que o atual Governo (e anteriores) tem tido pelas profissões com risco real, como as forças de segurança e as profissões de saúde. Também, não é democrático e aceite que apenas algumas profissões tenham acesso ao tão famigerado subsídio de risco!
Mas, mais importante do que “oferecer” subsídios de risco a todos os que contestam desigualdade de tratamento, é criar condições para prevenir e diminuir esse mesmo risco. Claro que não é expectável prevenir um agente de autoridade ser ferido ou morto na sua atividade, contudo é possível dar-lhes mais recursos humanos, melhores condições de trabalho e equipamentos. É possível tratá-los com o respeito que lhes é devido, dada a função essencial que cumprem na nossa sociedade. Se nem os governantes respeitam estes profissionais, como podemos esperar que a população o faça? E o mesmo se aplica às profissões da saúde… o respeito por uma profissão não se traduz apenas por mais dinheiro ao fim do mês ou palmas nas varandas quando estes são o último recurso. Implica, acima de tudo, condições dignas de trabalho, recursos disponíveis e reconhecimento público pelo valor que trazem ao nosso País. Bem… visto nesta perspetiva, a nossa classe política também não usufrui de grande prestígio junto da nossa população… A continuarmos assim, suspeito que até os políticos vão manifestar-se junto à escadaria do Parlamento por um subsídio, pois correm sempre o risco…de perder as eleições!