A frase que serve de título a este artigo não é minha, é do Jerry Seinfeld e parece-me que resume na perfeição o estado de espírito em que 2020 nos deixou.
Mas se, para muitos de nós, a expressão tem o efeito tonificador das verdades humanas que nos fazem perceber que não estamos sós, para milhares de pessoas, famílias e negócios ela assume uma literalidade dramática que lhe retira a graça toda.
No mundo das marcas, o vírus continua a infetar as expectativas e previsões dos anunciantes e das agências, prometendo nos próximos meses acabar com alguns e deixar tantos outros a ventilar.
Nestas alturas, olho para os médicos e enfermeiros e concedo que publicitário talvez não seja a profissão mais importante do planeta, mas é a que escolhi e cabe-me, e aos meus pares, conferir-lhe toda a importância que pode ter. A nossa vacina é a criatividade. Por muitos anticorpos que provoque em alguns organismos, é ela que numa altura destas pode injetar novidade e otimismo no discurso e nas ações das marcas e levá-las a reagir, voltarem a pôr-se de pé e recuperar o mais depressa possível a sua saúde financeira. Não precisamos de ser médicos para saber que nunca é bom sinal quando um paciente deixa de comunicar. E as boas ideias são os sinais de melhoria que as marcas podem dar, para que os seus entes mais queridos – os consumidores – não percam a esperança e desistam de si.
Tudo indica que ao longo dos próximos meses, como diz Seinfeld, a nossa medida de sucesso seja estarmos vivos. Enquanto cidadãos, resta-nos cumprir as tão propaladas recomendações de segurança para ver se nos livramos rapidamente desta pandemia. Já enquanto responsáveis pelas principais marcas do país, há três coisas que não as podemos deixar fazer: manter o distanciamento (dos seus clientes); usar máscaras, porque é altura de darem a cara; e lavarem as mãos, porque têm um papel central na recuperação da nossa economia.
Nuno Jerónimo é presidente de júri nos Young Lions Portugal nas categorias Filme e Imprensa/Outdoor. Este texto insere-se numa série de artigos de opinião publicados no âmbito das iniciativas organizadas pela MOP, representante oficial do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, um dos festivais mais prestigiados pela indústria criativa em comunicação. Cada texto apresenta a visão de vários profissionais do setor, de tendências e perspetivas de futuro.