Num contexto de muitas dúvidas sobre o impacto da sustentabilidade e necessidade de atuação, esta afirmação da CEO da Accenture, Julie Sweet, torna-se exemplificativa dos desafios que as empresas vão enfrentar e da necessidade de uma atuação rápida e proativa, no sentido da captação de valor, considerando a velocidade de adaptação como um dos fatores fundamentais ao sucesso da organizações, tal como aconteceu no momento da disseminação do antigamente desconhecido “digital”.

Embora seja muitas vezes associada apenas a componentes ambientais, a sustentabilidade agrega muito mais valor. Neste sentido, é necessário atuar sobre comportamentos e processos, em todas as áreas de atuação – em clientes, em fornecedores e parceiros, nos colaboradores, nos produtos e serviços, no reporting, na tecnologia – ou seja, em todas os stakeholders e capacidades.

De acordo com o estudo “Reaching Net Zero by 2050”, apenas 5% das empresas Europeias estão atualmente a cumprir os seus objetivos de sustentabilidade. Perante este cenário de ampla necessidade de atuação, é fundamental estruturar, focar e prioritizar. Para começar esta jornada, teremos de compreender e alinhar a estratégia de sustentabilidade com o propósito da organização, sendo este um fator crucial para se criar valor. Prevê-se que as empresas que antecipem esta necessidade consigam obter 16% de ganhos na sua produtividade e reduzir em 70% os seus riscos operacionais. (fonte: Harvard Business Review)

Apesar desta ser uma transformação transversal a todos os setores, foquemos agora no caso do setor financeiro. O que se pode esperar? Desde já, o elevado crescimento do financiamento para dar resposta às necessidades de outros setores – estima-se a nível global ter uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 98% até 2026 (dados KSI). No entanto, para dar resposta e alcançar este valor, há um trabalho grande de capacitação a ser feito.

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Muitas das empresas do setor financeiro iniciaram a sua resposta à sustentabilidade pela criação de novos produtos. Atualmente procuram também responder às novas imposições regulamentares que exigem a comunicação dos seus compromissos e a garantia da sua materialidade. O alinhamento com a nova regulamentação é complexo, sendo importante aplicar desde já uma framework que reflita diferentes cenários para efetuar testes de stress à capacidade de resposta ao ESG (Environmental, social and corporate governance).

Atualmente, este é a parte visível, mas há muito mais que se pode fazer.

Ao avançar com os processos de substituição tecnológica, que já decorrem há pelo menos 3 anos, deve-se introduzir, imperativamente, a visão “green IT”, e acelerar, paralelamente, a migração para modelos de cloud.

Adicionalmente, é necessário ter em conta os KPI que permitirão avaliar o cumprimento do ESG em todas as revisões de dados e em todos os processos de reporting.

Na mesma medida, todas as revisões de serviço e experiência proporcionada aos clientes, muito baseadas em soluções digitais e aumento do self-service, devem ser potenciadas para ir mais além no seu contributo para um mundo mais sustentável. Neste caso a revisão dos critérios de avaliação de risco e preçários associados às escolhas que os clientes fazem, são outros fatores a ponderar na revisão das jornadas.

O setor financeiro será um dos maiores influenciadores e impulsionadores dos comportamentos sustentáveis na sociedade e economia. Deixa-se o repto para que reajam de forma mais célere do que ao desafio do digital e que comecem desde já a incorporar” em todas as suas ações, atuais e planeadas, o espírito da sustentabilidade.