“60% dos Professores em Portugal têm 50 anos ou mais”… Se esta afirmação não fosse por si alvo para muitas dúvidas, a decisão que o senhor ministro da educação tomou para a contrariar esta tendência ainda levanta mais. A recente medida que promove o regresso dos professores reformados ao ativo ignora uma das possíveis soluções e ignora também uma característica destes mesmos professores, uso o termo ignora porque suponho que o conhecimento de ambas exista.
Antes de desconstruir esta solução apresentada pelo Ministério da Educação, olhemos para uma característica básica da profissão: carreira pouco atrativa, pouco reconhecimento social, divisões claras entre professores, sindicatos e tutela. Resumindo um caos. Muito culpa da má gestão socialista, e que apesar de estar a dar alguns passos positivos, o atual ministro parece cometer alguns erros de continuidade.
Convocar professores que estão reformados, padece de um lapso que talvez seja importante, a maioria dos professores que estão reformados, sonharam durante anos para se reformarem! Porque estavam desgastados, cansados! Isto porque a profissão de docente vai muito além das aulas dadas, da carga horária indicada no contrato. A docência leva a um desgaste físico conduzido por poucas horas de descanso entre testes, correções e trabalho burocrático nas escolas, e um desgaste psicológico, uma vez que o trabalho não é deixado na escola, é levado para casa e ocupa quase todas as horas do dia do professor. Para além de que o passado não resolve problemas de futuro, muitos destes professores estão formatados para trabalhar sob a aba do “Eduquês” que apresentou resultados negativos conduzindo a constantes resultados negativos em relatórios internacionais como o relatório PISA, , levando a um facilitismo onde os professores não apresentam culpas, mas onde foram apanhados pelo sistema. Acrescentado a isto, terá de ser feita uma escolha, ou se dá formação a professores mais velhos para eles conseguirem resolver problemas novos, como por exemplo a inteligência artificial nas escolas, ou dá se formação a novos professores que terão um tempo de carreira muito mais longe, uma escolha entre formação para um ou dois anos e uma formação para um espaço de tempo bastante mais alargado.
Por isso esta medida, para além de apenas resolver o problema para o presente ano, isto é se funcionar, ignora o problema premente de renovação da classe docente que há muito que está em risco.É uma medida de empurrar o problema com a barriga sem nunca o resolver. É uma medida que trará zero soluções e mais problemas.
A solução existe e é um dos caminhos possíveis, profissionalização em serviço de forma ágil para jovens recém-licenciados, a educação precisa de jovens professores, precisa de sangue novo que rejuvenesça o corpo docente, a solução pode e deve passar pela possibilidade de jovens saídos da faculdade poderem ingressar nos quadros das escolas pelo pais, sendo acompanhados por formação dada pela escola ou pelo ME de conhecimentos importantes para a classe docente não lecionados na licenciatura, como por exemplo na pedagogia, que poderiam ser inseridos no relatório de desempenho como formação realizada ao longo do ano. Os jovens querem trabalhar no seu país, está na hora do seu pais querer que eles trabalhem cá.
Portugal no pode continuar a desprezar os docentes, ã desprezar os jovens, não pode esquecer que a educação é e sempre será o pilar mais importante para o futuro de Portugal.