As mais recentes sondagens, uma da Aximage e a outra para a  Católica, indicam o mesmo. Os portugueses, para já, preferem o PS à AD, pese  embora marginalmente. Na sondagem para a Aximage, os socialistas granjeiam 29,5% das  preferências, enquanto a coligação de Governo — PSD, CDS, PPM — aufere 27,6%. No  caso da Católica, o partido liderado por Pedro Nuno Santos torna a ficar na dianteira, com  33% das intenções de voto, caso as eleições legislativas se realizassem hoje. A AD segue  em segundo lugar, com 31%. Em ambos os casos, quer PS, quer a AD, obteriam um  resultado superior ao obtido nas eleições europeias de 9 junho deste ano. É igualmente  verdade que Montenegro governa há muito pouco tempo, estando, por isso, em estado de  graça. Do lado da oposição, Pedro Nuno Santos também não teve tempo para sê-lo  efetivamente.

No entanto, algo que parece ser contraintuitivo, é avaliação dada a estes líderes  partidários pelos portugueses. Na sondagem da Aximage, 37% preferem Montenegro para  Primeiro-Ministro, ao passo que somente 28% afirmam confiar mais em Pedro Nuno  Santos. No âmbito das avaliações, Luís Montenegro volta a ser o líder mais bem avaliado,  obtendo um saldo positivo de 29 pontos percentuais, o que contrasta substancialmente  com o líder socialista, que regista apenas um saldo positivo de um ponto percentual. Seria  expectável que as intenções de voto na AD acompanhassem e fossem proporcionais à  perceção positiva que Montenegro reúne no âmago dos portugueses, o mesmo com o PS.  No entanto, e inusitadamente, tal não se verifica.

De forma sucinta, os portugueses preferem marginalmente o PS à AD e, de forma  confortável, Montenegro a Pedro Nuno. O repto para ambos está lançado. Montenegro  terá que converter a sua avaliação consideravelmente positiva em intenções de voto — aliás, é difícil não gostar do líder laranja, tem poucos anticorpos. Em sentido contrário, o  socialista terá de moderar a sua imagem — algo que tem tentado fazer, não obstante, sem  efeito notório até ao momento — , de forma a não antagonizar o putativo eleitorado que oscila entre o centro-esquerda e o centro-direita. Verdade seja dita, a retórica de  Montenegro é sobremaneira mais palatável para o tradicional eleitor do centro político.  Neste sentido, colocam-se as seguintes questões: o PS, como um todo, vale mais do que  a sua liderança? E o Governo conseguirá converter a simpatia nutrida pelo Chefe de  Executivo em votos?

Independentemente disso, uma coisa é certa. Há muito que o PS não estava  relegado para a oposição e o PSD — em coligação — promovido à liderança dos destinos  do país. Tempo exige-se, quer ao Governo, quer à oposição. Uns para resolver questões  deixadas pelo anterior governo, como reivindicações profissionais, outros para esperar passos em falso do atual Governo. Além disso, não é despiciendo referir que, segundo a  sondagem da Católica, 77% acham que o Governo deve cumprir o seu mandato por  inteiro, o que corrobora a ideia de que os portugueses querem estabilidade e tempo para  averiguar as políticas e subsequentes resultados do recém-empossado Governo. Por  último, e tendo em conta os factos supramencionados, bem como os resultados das  eleições europeias, não se vislumbra um chumbo ao Orçamento de Estado para 2025 nem  uma consequente crise política, pese embora se tente criar a narrativa de que existe  alguma convulsão ou processo conturbado. Avizinha-se, portanto, um jogo de sombras no  que concerne este PNEC, isto é, o processo de negociações em curso entre AD e PS para o  OE2025. Com maior ou menor crispação ou celeuma, o PS irá clamar “não habemus crise”. E o povo respirará de alívio.

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