É consensual que ter uma vida sexual ativa e saudável é fundamental para o bem-estar físico, emocional, social e mental de cada indivíduo. Mas, ter uma vida sexual ativa e livre de doenças e/ou disfunções não é suficiente para se ter saúde sexual. Numa definição mais vasta e complexa, a Organização Mundial de Saúde enfatiza no conceito de Saúde Sexual a relevância de adotar uma postura positiva e respeitosa em relação à sexualidade, garantindo a oportunidade de vivenciar experiências sexuais seguras e satisfatórias, sem coerção, preconceito ou violência. Assim, a saúde sexual torna-se uma parte essencial da saúde global e do bem-estar de cada pessoa.

Portanto, ter saúde sexual vai muito além do prazer. É um direito humano e como tal deve fazer parte da agenda mediática tal como todos os outros direitos básicos que são consensualmente aceites, defendidos, exercidos e inerentes a todos os seres humanos, independentemente da sua raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição.

Mas, vamos por partes.

Se por um lado muito tem sido feito nas últimas décadas na promoção da saúde sexual, sobretudo ao nível do reconhecimento e direitos de pessoas com diferentes orientações sexuais e outros grupos populacionais, proteção contra a discriminação e violência, muito há por fazer num nível muito mais básico dos direitos humanos no que respeita à saúde sexual, como o acesso a cuidados de saúde sexual primários de qualidade, com consultas acessíveis e profissionais qualificados que tenham capacidade de ouvir, compreender, ajudar e aconselhar com base em conhecimento de causa, através de uma linguagem clara, esclarecedora e despreconceituosa.

É urgente banalizar temas como dispareunia, vaginismo, disfunção sexual, desejo ou aversão sexual, orgasmo ou líbido, e falar deles de forma positiva para que deixem de ser temas tabus. É importante que quem vive com uma disfunção ou perturbação sexual, saiba que não está sozinho/a e pode ser ajudado por profissionais especializados na área. Há soluções e quanto mais cedo for feita a abordagem ao problema e início do tratamento, maiores as probabilidades de uma vida sexual plena e saudável.

Em 2021, Portugal deu os primeiros passos ao ser pioneiro na instituição oficial do “Dia Nacional da Saúde Sexual”, mas não basta apenas “ensinar a andar”. O caminho não é fácil, mas, tal como aconteceu com a saúde mental, é possível desbravar.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR