O sr. Trump — falo do ‘big mouth’, não do discreto inglês e repetidas vezes campeão mundial de snooker Judd Trump –, que assumirá as funções de Presidente dos Estados (des)Unidos da América a seguir à cerimónia solene de investidura no próximo dia 20 de Janeiro, não pára quieto, e tem vindo a revelar algumas das suas futuras decisões prioritárias ou, para já, meras intenções, logo que volte a sentar-se no Oval Office.
Cada uma mais disruptiva que a anterior, os seus compatriotas que o hostilizam já estão em estado de alerta máximo, enquanto os seus seguidores ouvem e saúdam com entusiasmo o homem que acreditam vir a tornar os USA ‘great again’.
Paralelamente, o seu efetivo braço direito nesta fase de antecipação, o genial Elon Musk, foi chamado a provocar um gigantesco tsumani na estrutura da administração pública federal, com a desejada perspetiva desta vir a soçobrar quase inteiramente nessa circunstância: será, pelo fervor das afirmações já circuladas, uma mudança radical tendo na mira um Estado limpo de gorduras burocráticas e do alegado excesso de intervencionismo, e não obstante, mais forte e eficiente .
Este cinquentão é uma caixinha de surpresas: nascido no hemisfério sul — na pátria de Mandela –, tem ambições que superam a soma dos pontos cardeais. Já nem mesmo o nosso querido planeta lhe basta, e sem reservas anuncia que a resposta para os nossos mais candentes problemas é em Marte que a iremos encontrar.
O seu amiguíssimo Donald estará já, diz-se, pensando na edificação de um complexo imobiliário para acolher refugiados e milionários, com privilegiada vista para a lua Phobos .
Há dias, e de uma vez só, o presidente eleito anunciou a sua vontade de os USA virem a re-adquirir a propriedade do canal do Panamá, e de comprarem a Gronelândia: o canal pertence ao espaço soberano do Panamá, e a Gronelândia, embora de governação autónoma, à Dinamarca.
Lembra os congressos oitocentistas, e o caso concreto da venda aos americanos, pela Rússia sem liquidez dos Romanov, do Alasca. São séculos diferentes, e diversos os seus contornos, mas isso é de somenos interesse para o homem que tão bem se sente ao lado dos brokers de Wall Street.
No snooker, a dinâmica de constantes reavaliações — e mesmo cambalhotas — com vista ao sucesso da tacada, não incomoda nem surpreende ninguém, já que a história, aí, se vai fazendo precisamente de quase permanentes e sucessivas mutações em contextos sempre em movimento. E o Judd é um mestre nesse domínio de profunda especulação sobre o cenário concreto que diferentes opções lhe possam vir a oferecer no futuro.
Quer perca ou ganhe, saúda o adversário .
Eu sei que, para relaxar, é o golfe, não o snooker, que o Donald pratica. E que até terá jeito. Talvez por isso pareça tanto desejar, também na cena política, fazer o ‘all in one’, se possível a partir de Mar-a-Lago.
Quer ganhe ou perca, insulta o inimigo.