O atual impasse em torno da aprovação do próximo Orçamento do Estado é um sinal preocupante para o futuro do país, que deixa muito a desejar, tanto aos partidos políticos como à própria postura do Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa em vez de procurar soluções passa o seu tempo a ameaçar com a dissolução, parece até que está à procura de mais um recorde. É que, em Portugal, desde o 25 de Abril, quem detém o recorde de dissolução do Parlamento é o General Ramalho Eanes, que deitou abaixo três governos.

Além disso, a incapacidade dos partidos políticos de chegar a um entendimento revela uma falta de compromisso e de visão estratégica, colocando em risco a estabilidade e a economia do país. Esta incerteza não só fragiliza a confiança dos cidadãos, como gera um clima de desconfiança junto dos investidores e das empresas, travando o crescimento e o desenvolvimento de que o país tanto precisa.

Apesar de não se tratar de algo novo no nosso país, esta mentalidade do “deita abaixo que a seguir vamos nós” tem um impacto negativo brutal na economia, nas empresas e, acima de tudo, nas famílias portuguesas. Um impacto que já trouxe, no passado, consequências para a democracia: 48 anos de ditadura no seguimento da instabilidade dos 46 governos que a Primeira República teve.

A missão de um Presidente da República é garantir a estabilidade e o bom funcionamento das instituições democráticas, atuando como um árbitro imparcial que promove o diálogo e a concertação entre os diferentes órgãos de soberania. No entanto, Marcelo Rebelo de Sousa, que começou o seu mandato com uma imagem próxima do povo — o “Presidente das Selfies” —, tem vindo a desvirtuar esse papel, arriscando-se a sair apelidado de “Presidente das cunhas”.

Em vez de agir como um moderador responsável, tem preferido gerar polémicas, comprometendo a sua imparcialidade e, em última instância, a confiança dos cidadãos na Presidência da República. Este comportamento desvirtua a função presidencial e contribui para o clima de instabilidade política que o país tem enfrentado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR