A diáspora portuguesa é imensa e diversa, uma das maiores do mundo. Temos por isso um dos maiores potenciais do mundo a nível de “softpower” e de interligações sócio-económicas nas mais variadas geografias.

Focando-me na Europa, Portugal fala ainda hoje na retenção de talento e de quadros qualificados como política estratégica. Como visão estratégica para o país, este desígnio continuará a fazer sentido numa óptica de crescimento da capacidade de produção e de competitividade de Portugal. Mas numa óptica de visão da globalidade da politica externa de Portugal e da afirmação do país junto dos seus pares, a maior aproximação de Portugal à diáspora portuguesa e da diáspora a Portugal é fundamental.

Portugal e os seus decisores devem estar focados numa visão de futuro em que tão importante como reter talento, é estar próximo do talento, do nosso talento espalhado pelos países da Europa. Deverá ser observada uma estratégia de maior aproximação de Portugal junto dos diversos pontos focais onde se verique estarem áreas de elevado interesse para o desenvolvimento a longo prazo do país (Aeronáutica, Espacial, Biotecnologia, Medicina, Investigação, Agricultura, etc), e com isso manter uma posição de visão de futuro, onde o conhecimento e a rede são ativos altamente valiosos.

Viveremos num futuro em que Portugal tem que estar obrigatoriamente ligado em permanência às suas comunidades dentro da Europa, independentemente do seu tipo de qualificação. Portugal tem uma vantagem enorme para poder implementar um projeto destes em larga escala. Possui uma emigração altamente integrada, com milhares de casos de sucesso, e com uma capilaridade nas sociedades de acolhimento amplamente reconhecida.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mais do que falarmos na fuga ou na retenção de quadros ou de portugueses, deveremos trabalhar e concretizar uma visão de futuro para os acompanhar e para que sejam úteis a Portugal, onde quer que estejam, e que Portugal lhes possa retribuir de igual forma.

A União Europeia tornou-se num espaço de mobilidade dinâmico, onde um francês que tenha nascido em Brest e trabalhe e viva em Marselha, está a uma distância maior que um Português que tenha nascido em Bragança e trabalhe e viva em Bordéus ou em Madrid. O centro da União Europeia é um misto semanal de viagens e movimentos pendulares, estando os países de origem destes europeus com um foco primordial numa só premissa. Contar com todos para criação de riqueza.

Estando mais próximos, mais envolvidos, mais atentos, e com uma politica de ação a vários níveis que possa detetar, sinalizar, acompanhar e criar um veículo de conexão constante com Portugal.