1995: Michael Jordan regressa à NBA depois de uma pausa de 17 meses, em que se dedicou ao basebol, quem diria!!!

Depois de três títulos consecutivos que foram o culminar de três épocas brilhantes dos Bulls e após a trágica morte do pai, Michael decide que a NBA não era mais onde queria estar.

Durante esse período, a NBA perdeu a sua principal figura e seria de esperar que os nomes sonantes seguissem o legado deixado por Jordan… Charles Barkley, Karl Malone e Patrick Ewing seriam os próximos a quem o anel estaria destinado, mas nenhum deles conquistou o título na ausência de Michael.

Mas o fenómeno regressou… e nesse mesmo ano estava determinado em provar que conseguia voltar a ser o jogador que foi em tempos. Não voltou o 23 mas sim o 45, e quando duvidaram do 45, vestiu de novo a camisola 23. Encontrou sempre formas de se motivar e encontrar na adversidade a força que até os grandes campeões duvidam ter algumas vezes.

No contexto atual, precisamos de um regresso à Michael Jordan às nossas vidas.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 foram adiados para o ano seguinte, sendo ainda uma incógnita se irão acontecer ou não. Se a pandemia não estiver controlada ou não existir uma vacina, será muito difícil que o maior evento desportivo do mundo se realize, mas enquanto atleta olímpico sinto que os jogos já começaram, que nós atletas estamos no “banco” e que entraram outros “atletas”. Os médicos, os enfermeiros, os polícias, os bombeiros, os senhores do lixo, os caixas do supermercado, o carteiro. No fundo, aqueles que nos permitem estar em casa sem que nos falte o mínimo.

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Mas agora é tempo de voltar, e precisamos de regressar como Michael Jordan, com os valores de sempre mas com uma preocupação e responsabilidade acrescida, a de que temos de proteger o próximo.

Desde os 6 anos a praticar um desporto individual seria provável não ter a sensibilidade ou o espírito de equipa tão presentes como num desporto colectivo, mas fui sempre guiado por 3 pilares essenciais: a disciplina, que nos permite não desviar nem gastar recursos com o que não é necessário; o foco, que é fundamental para manter a disciplina; e a humildade, que é o que nos permite abraçar a derrota com a alegria de saber que podemos dar a volta.

Sinto que estes valores foram praticados pelo meu país nos últimos dois meses, não só pelo respeito aos que estão na linha da frente mas, sobretudo, porque valorizamos uma coisa que parecia esquecida no tempo… os outros.

Quando Michael Jordan voltou à NBA em 1995 e não conseguiu revalidar o seu título nesse mesmo ano, Phil Jackson, o seu treinador, explicou-lhe que para vencer teria de contar com a sua equipa, confiar nos seus colegas e passar-lhes a bola, só assim poderia vencer. Não previa uma pandemia mas tinha uma solução para este tempo difícil, a de que se formos um todo seremos sempre mais fortes.

Agora é altura de regressar, sem baixar a guarda, mantendo o foco, protegendo o próximo com pequenos gestos. Mantendo a distância de segurança, mas estando sobretudo juntos, pela coisa mais importante no nosso planeta, a humanidade.

Voltaremos mais fortes!

Diogo Ganchinho tem 32 anos, é atleta do Sporting Clube de Portugal, na modalidade de ginástica de trampolim, sendo o atual campeão europeu de trampolim individual sénior. Esteve presente nas edições dos Jogos Olímpicos de Pequim e Londres e encontra-se atualmente inserido no projeto olímpico de Tóquio 2020. Estudou ciências da comunicação na FCSH da Universidade Nova de Lisboa. É o atual Vice-Curador dos Global Shapers em Lisboa.

O Observador associa-se aos Global Shapers Lisbon, comunidade do Fórum Económico Mundial para, semanalmente discutir um tópico relevante da política nacional visto pelos olhos de um destes jovens líderes da sociedade portuguesa. Ao longo dos próximos meses, partilharão com os leitores a visão para o futuro do país, com base nas respetivas áreas da especialidade. O artigo representa, portanto, a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da Comunidade dos Global Shapers, ainda que de forma não vinculativa.