O secretário-geral do PS quer colocar um novo tema na agenda do Conselho de Estado: a necessidade “urgente” de “estabelecer um consenso nacional em torno da renegociação das condições de pagamento da dívida pública”, diz Seguro, numa declaração ao Diário de Notícias.
“Se na reunião do Conselho de Estado conseguirmos que o primeiro-ministro compreenda a importância desta decisão, então a reunião terá uma grande utilidade para o nosso futuro coletivo: aliviarmos os sacrifícios dos portugueses”, acrescenta ainda o secretário-geral do PS.
Quando convocou o Conselho de Estado para a próxima quinta-feira, Cavaco Silva deixou a agenda aberta, para que todos se sentissem confortáveis em discutir os temas que considerassem relevantes. Mas este é um dos que não agradará a Passos Coelho. Antes das europeias, Passos tinha sido chamado a pronunciar-se sobre o tema no seguimento do manifesto dos 74, onde os termos vagos do pedido de renegociação permitiram juntar Bagão Félix, Ferreira Leite, Francisco Louçã e vários deputados das duas alas socialistas.
Na verdade, o manifesto pedia, mais do que uma renegociação, uma reestruturação da dívida -uma diferença de grau, onde Seguro se agarra para dizer que a sua solução para a dívida é mais pacífica do que a pretendida pelo manifesto: uma alteração de prazos e juros, pedida e negociada formalmente com as instituições credoras oficiais -mas sem implicar perdão.
Do lado do Governo, e na altura do manifesto, Passos citou Cavaco Silva, para dizer “não” a uma reestruturação. E vincou que se o Governo admitisse que isso era necessário “poria em causa o financiamento do país“. Em Belém, o tema é ainda mais sensível: o manifesto foi subscrito por dois dos seus consultores, Sevinate Pinto e Vitor Martins, que acabaram por sair dos respetivos cargos após a polémica que se gerou.